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Lula tentará fechar acordo de biodiesel com italianos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o interesse do Brasil em se transformar na Arábia Saudita do biocombustível, em entrevista publicada esta semana pela revista italiana Panorama. Às vésperas da visita de dois dias do primeiroministro italiano Romano Prodi ao Brasil, que começa amanhã, o presidente prepara o terreno para discutir um possível intercâmbio entre a ENI – maior grupo italiano do setor de energia – e a Petrobrás. O acordo resultaria na aplicação de projetos de exploração de biodiesel na África. Eu acho que o biodiesel pode avantajar também os países mais pobres do planeta, da América Central e Latina à África.

Imagine que a Itália possa financiar um projeto desse tipo em um país africano e, depois, readquirir o combustível produzido, gerando novos postos de trabalho, salários e, portanto, uma melhoria na qualidade de vida, disse Lula à Panorama. O possível acordo foi mencionado pelo ministro italiano das Relações Exteriores, Massimo D´Alema, em mesa-redonda promovida na semana passada com empresários e políticos da Itália. Os países africanos interessados na iniciativa seriam Angola e Moçambique.

Lula também comentou o interesse brasileiro em ampliar para US$ 10 milhões o intercâmbio comercial com a Itália, que hoje está em US$ 6,5 milhões. Por isso é relevante que Prodi venha aqui com uma significativa delegação de empresários.

Mas quero ir além e reforçar também as relações culturais e a cooperação científica, declarou.

Questionado se havia se surpreendido com o fato de o presidente americano George W.

Bush ter escolhido o Brasil para lançar uma mensagem de justiça social, Lula respondeu: A raça humana cresce e evolui no tempo e chega a dizer coisas que antes não dizia. Enfrentar hoje a questão social constitui a melhor arma para diminuir a violência e o terrorismo. Os Estados Unidos, como maior economia mundial, podem ter uma função decisiva. Eu disse ao presidente Bush que ninguém será capaz de apreciar a democracia se ela não for acompanhada de uma melhoria da qualidade de vida. Lula abordou ainda seu relacionamento com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Ele negou que o colega seja um aliado incômodo, confirmou os interesses econômicos no país vizinho e elogiou o fato de Chávez vender gasolina mais barata a países pobres.

O presidente evitou comentar a extradição do ex-terrorista italiano Cesare Battisti, capturado recentemente no Rio de Janeiro. Segundo ele, esse assunto cabe ao Supremo Tribunal Federal.