O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em declaração conjunta ao lado do primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, que desde o final do ano passado o governo acompanha o aumento da inflação e que esse movimento vem ocorrendo em vários países do mundo, como na China, no Chile e países da Europa.
“Isso tem uma razão: os pobres do mundo estão começando a comer mais. Tem mais chineses comendo, tem mais brasileiro comendo, tem mais africano comendo, e isso tudo faz crescer a pressão por alimentos”, afirmou Lula, que está em visita oficial à Holanda.
“O que precisamos é produzir mais”, acrescentou. Segundo o presidente, no caso do Brasil a pressão inflacionária ocorre principalmente por causa de dois produtos: feijão e leite. Segundo ele, dos 4,5%, que é a meta da inflação fixada pelo governo para este ano, o feijão e o leite respondem por 0,7% e que se não fossem esses dois produtos, o índice seria de 3,8%. “E são dois produtos que temos competência para produzir em maior escala.
Temos terra e uma cultura que em 90 dias se planta e colhe”, ressaltou. “O mundo precisa produzir mais alimentos”, defendeu o presidente, que reagiu às declarações de que o Brasil estaria deixando de plantar alimentos para plantar cana-deaçúcar e produzir combustível. “Não me venham com discurso de que o problema são os biocombustíveis”, afirmou.
Para ele, não há nenhuma relação entre esses dois assuntos. “Nós não temos esse problema no Brasil”, ressaltou o presidente, lembrando que o País tem 850 milhões de hectares de terra e que destes, 400 milhões são agricultáveis.
Lula disse que o Brasil vive um momento muito especial, por conseguir combinar crescimento do mercado interno com o externo; crescimento da economia com inclusão social; e crescimento da economia com inflação baixa.
Ele defendeu uma parceria maior com a Holanda, seja na área da indústria, da ciência, e do comércio, assim como o aprofundamento das parcerias na área de biocombustíveis. Lula lembrou que a União Européia decidiu até 2020 introduzir 10% dos biocombustíveis como matriz energética.
Ele ressaltou que o Brasil já domina a técnica na produção de biocombustíveis, como o etanol, e destacou a importância desse tipo de desenvolvimento de projeto para ajudar outros países a se desenvolverem nessa área. Para o presidente Lula, os biocombustíveis são a “esperança de modelo de desenvolvimento” para a África, América Latina e países asiáticos.