O jornal econômico americano The Wall Street Journal publicou nesta sexta-feira um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que aborda o tema do álcool combustível.
No texto, intitulado “Fuel for Thought”, um trocadilho com a expressão inglesa “Food for Thought”, que em geral quer dizer “algo para pensar”, Lula fala sobre o programa brasileiro de produção do combustível alternativo e diz que os dois países (Brasil e EUA) têm muito a ganhar com o crescimento da produção e do uso do álcool.
“Apesar de o Brasil ser considerado um modelo no setor, não queremos uma posição dominante em nível global”, afirmou o presidente. “Na verdade, é importante termos muitos países produzindo, porque do contrário será difícil atingir nossa meta de criar um mercado global, com o álcool sendo negociado como qualquer commodity.”
Lula elogiou os movimentos recentes do presidente dos EUA, George W. Bush, na direção de promover o álcool combustível, ou etanol, mas cobrou a eliminação da sobretaxa atual cobrada pelos norte-americanos sobre o produto brasileiro.
“Naturalmente, o Brasil espera ver o dia em que a tarifa secundária sobre as importações de álcool, atualmente em 54 centavos de dólar por galão (3,75 litros), será eliminada, já que isso poderia estimular a meta de globalização do mercado de álcool e incrementar o comércio bilateral.”
“De qualquer maneira, o objetivo da parceria no álcool se firma em méritos próprios e deve ser perseguido independendemente de qualquer consideração sobre o comércio entre os dois países”, completou Lula.
Os Estados Unidos estão incrementando fortemente a produção de álcool combustível, principalmente porque por força de lei ele está substituindo o aditivo químico MTBE, considerado poluente, na mistura da gasolina.
Os EUA têm importado muito álcool brasileiro nos últimos meses, mesmo com a sobretaxa, já que muitos novos projetos para a produção local de etanol ainda não estão operando.
Os norte-americanos, diferentemente do Brasil, produzem etanol processando milho.
A promoção que o Brasil tem feito de seu programa de álcool, no momento em que o petróleo atinge valores recordes, tem elevado as exportações brasileiras do produto, que neste ano podem alcançar a marca histórica de 3 bilhões de litros.
O cenário, no entanto, já causou escassez de álcool para os consumidores brasileiros na última entressafra do produto (de dezembro a abril) e pode voltar a ocorrer no período entre o fim deste ano e o início de 2007, quando analistas esperam por estoques reduzidos e preços em elevação.