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Lula defenderá projeto do etanol na Venezuela

Combustível alternativo, alvo de polêmica, deve dominar debates na Cúpula Energética Ricardo Galhardo Enviado especial PORLAMAR, Venezuela. Depois de dois encontros em menos de um mês com seu colega americano, George W. Bush, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega amanhã à Venezuela, onde vai defender a difusão do etanol na Cúpula Energética Sul-Americana. Tanto a presença de Bush na América do Sul quanto a união estratégica entre Brasil e EUA em torno do etanol foram alvos de críticas do anfitrião do evento, Hugo Chávez. O governo brasileiro espera que a cúpula alivie tensões em torno do etanol. — Vamos defender nossa posição que, na verdade, é compartilhada na prática por vários países participantes do encontro — disse o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, na Venezuela. Além de Lula e Chávez, participarão do encontro os dez chefes de Estado dos outros países que integram a Comunidade Sulamericana de Nações. O encontro vai até terça-feira em Porlamar, na Ilha Marguerita, um dos principais destinos turísticos da Venezuela. O objetivo é construir uma estratégia comum para o setor energético. Chávez e o presidente cubano, Fidel Castro, afirmaram que a difusão mundial do etanol pode levar à escassez de alimentos. A Venezuela é um dos maiores produtores mundiais de petróleo. A crítica foi endossada na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Já Lula defende o combustível verde como saída para o aquecimento global e alternativa econômica para vários países da região. — Só não existe divergência quando não tem debate nem democracia — disse Garcia. Segundo ele, a cúpula não será um embate entre o etanol brasileiro e o petróleo venezuelano. A expectativa brasileira é aproveitar a reunião para arrefecer as divergências. — Chávez disse nos últimos dias que não tem nada contra o programa brasileiro. Ele é contrário ao etanol produzido com milho — afirmou. Lula se reunirá com Chávez antes da Cúpula, em Barcelona, a 400 quilômetros de Caracas, para assinar o acordo bilateral de construção de um complexo petroquímico na cidade, com capital das brasileiras Braskem e Petrobras e da estatal venezuelana de petróleo, PDVSA.