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Lula comemora e defende taxa sobre a exportação de petróleo

Passadas duas semanas do festejado anúncio da descoberta de reservas de petróleo no campo Tupi, em Santos (SP), que podem levar o Brasil à almejada condição de exportador do combustível, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a taxação do mercado internacional do petróleo como estímulo à venda de biocombustíveis, em cerimônia de lançamento do relatório Desenvolvimento Humano 2007-2008, apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

“Vejam que absurdo. Para que o Brasil exporte o seu etanol para algum país do mundo, tem uma sobretaxa enorme, quase dobrando o preço do nosso álcool, entretanto, o petróleo comprado dos países de petróleo não paga nenhuma taxa. Cadê o equilíbrio comercial?”, questionou.

“Cadê a vontade de despoluir o Planeta?, Cadê a vontade de diminuir a emissão de gases de efeito estufa? Poderia começar taxando o petróleo”, sugeriu.

Elogiado por representantes das Nações Unidas por conta das iniciativas do Bolsa Família e do renascimento da indústria do etanol, Lula comemorou a ascensão do Brasil à lista de países de alto desenvolvimento humano no levantamento. Pediu aos diretores do Pnud que voltem a escolher o Brasil para o lançamento mundial de seu relatório de desenvolvimento em 2012, quando o trabalho terá foco nos dados colhidos durante nos dois últimos anos de seu mandato – 2009 e 2010. A cada ano o relatório é divulgado em um país diferente.

Animado pelos resultados expostos no documento das Nações Unidas, Lula disse ainda que o país não aceitará lições ou imposições sobre sua política de conservação do meio ambiente. Em seguida cobrou “responsabilidade” das nações mais ricas do mundo em contribuir para a preservação de florestas em países pobres durante a Convenção das Partes sobre Mudança Climática das Nações Unidas, que acontecerá na ilha de Bali (Indonésia), em dezembro. E reclamou da demora na implementação de medidas e decisões tomadas durante fóruns globais. Citou como exemplo o Haiti, ainda a espera do cumprimento de promessas de mais de US$$ 1 bilhão em doações de diversos países.

“Vamos discutir com muita seriedade o preço que os países ricos têm que pagar para que os países mais pobres possam preservar as suas florestas, afirmou. “Você não vai convencer um pobre, de nenhum país do mundo, que ele não pode cortar uma árvore se não tiver como troco o direito dele trabalhar, o direito dele comer. É a contrapartida de quem é responsável por 70% da emissão de gases do efeito estufa.”

Lula aproveitou a solenidade para centrar fogo na decisão dos Estados Unidos de manter a produção de etanol baseada no milho, uma cultura subsidiada. Segundo ele, a posição do governo dos EUA teria fundamentação apenas eleitoral, distante da preocupação com a questão do meio ambiente. “Quem vota nos EUA são os produtores de milho e, por isso, é importante subsidiar, em detrimento de outras coisas que podem produzir álcool com muito mais eficácia.”