O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer liderar um novo ciclo de investimentos e, para isso, está assumindo o papel de “mascate” para vender a estrangeiros e brasileiros os projetos e oportunidades de negócios no País. A avaliação no governo é que o Brasil vive nova fase de ingresso de investimentos estrangeiros, depois do período pós-privatização, bem mais abrangente e estruturada, que pode ser identificada nos números das contas externas do País.
A visita do presidente dos Estados Unidos, George Bush, deu mais visibilidade internacional para a economia brasileira, na avaliação do governo. O Brasil também estaria sendo beneficiado por se distinguir dos países vizinhos que adotaram políticas nacional-populistas, normalmente hostis ao capital estrangeiro, como a Venezuela, a Bolívia e em menor grau o Equador e até mesmo a Argentina. Esta última, pelas medidas heterodoxas de controle de preços. Essa distinção, porém, é tratada com reserva pelo governo, para evitar atritos com os parceiros da região.
“Essa vinda do Bush, pela sua visibilidade, acabou acelerando e multiplicando o esforço do presidente Lula para atrair investimentos. De repente, o processo se multiplicou tremendamente”, diz o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. Segundo ele, o número de consultas de investidores ao BNDES para financiamento de projetos de etanol aumentou substancialmente nos últimos dias. “O Brasil está no seu momento, depois de quase 25 anos de uma economia desacertada. E temos de saber aproveitar isso”, diz o ministro.
Para Bernardo, o ajuste econômico feito pelo governo Lula garante uma “vantagem enorme” do Brasil em relação a outros países da região. “Sem contar o tamanho da economia brasileira, se tem uma coisa que conquistamos a duras penas e certamente nos ajuda nesse momento é ter as instituições democráticas funcionando com estabilidade e credibilidade crescentes.”
Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, a entrada de investimento estrangeiro direto nos últimos três meses já aponta para um fluxo anualizado de US$ 26 bilhões, ante US$ 18,78 bilhões ao longo de 2006.
“É óbvio que não estamos falando que é essa a nossa expectativa para 2007. Mas de fato, na margem, já observamos um crescimento considerável que deve continuar”, prevê Lopes, que há mais de dez anos acompanha com lupa a evolução desses investimentos.
Para o chefe do Depec, é “inegável” que o Brasil vive hoje nova fase que foi assegurada pela melhora das condições macroeconômicas. Na análise de Lopes, a valorização do real também contribui para o aumento dos investimentos, porque faz com que os ativos fiquem mais atrativos.