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Logística para álcool atrai holandeses

Grupo Vopak, de operações portuárias, deverá investir US$ 60 milhões no Brasil. Conforme Frank Wisbrun, presidente da Vopak no país, o grupo analisa investimentos em terminais para álcool.

A Vopak, empresa holandesa especializada em operações portuárias, deverá investir cerca de US$ 60 milhões em infra-estrutura logística no Brasil, principalmente na área de álcool. Frank Wisbrun, diretor-presidente do grupo no país, afirmou que há estudos em curso para a construção de estruturas de estocagem de etanol em pontos estratégicos para exportação.

Os potenciais investimentos passam pelo terminal de Ilha DÁgua, no Rio de Janeiro – onde a Petrobras tem infra-estrutura para os alcoodutos -, por Suape, em Pernambuco, ou mesmo por Santos (SP). Suape também é considerado estratégico pela proximidade geográfica com os EUA e Europa.

No Brasil, a Vopak já está presente em dois terminais de Alemoa, em Santos (SP), em Aratu (Bahia) e Ilha Barnabé. A empresa também tem parceria com a Unipar no porto de Paranaguá (PR).

Dos US$ 60 milhões previstos para o país, boa parte será aplicada em infra-estrutura para etanol. O restante será destinado para tancagem de produtos químicos, óleos vegetais e combustíveis.

De acordo com Wisbrun, o grupo também está olhando oportunidades para adquirir terrenos nos próprios terminais onde já tem investimentos. “A Vopak é líder global em estocagem e está presente em mais de 30 países”, disse. Nos últimos dois anos, o grupo investiu cerca de US$ 500 milhões para ampliar a capacidade de tancagem em Roterdã.

Os investimentos em infra-estrutura logística e de armazenagem de companhias holandesas no Brasil tendem a crescer, segundo Gerrit J. van Tongeren, vice-presidente executivo do porto de Roterdã. Maior porto do mundo, Roterdã também é o principal porta de entrada para os produtos agrícolas brasileiros na Europa. Um dos principais produtos brasileiros que entram na Europa pela porta holandesa é o suco de laranja. Além de produtos congelados, caso do suco, o bloco também importa carnes congeladas, grãos (a granel) e frutas do Brasil, além de aço e minérios.

Segundo Tongeren, o porto de Roterdã conta com três grandes empresas interessadas em ampliar sua infra-estrutura em álcool naquele país. Além da Vopak, a Caldic e Argos têm planos para o etanol.

Os da holandesa Caldic incluem investimentos da ordem de ? 30 milhões de euros em infra-estrutura. Boa parte desses recursos será destinado para recepcionar o etanol no porto de Roterdã, segundo J.N.A. van Caldenborgh. “O mercado de etanol está crescendo. E a União Européia deverá misturar biocombustíveis à gasolina”, disse.

Atualmente, o porto de Roterdã tem estrutura para armazenar aproximadamente 2,5 bilhões de litros de álcool. Os futuros aportes deverão atender à nova decisão da União Européia, que aprovou a mistura de 5,75% de álcool na gasolina e que também incentivou o uso de biodiesel no mercado comum europeu a partir de 2010.

Ao mesmo tempo que empresas holandesas estão de olho no mercado brasileiro, grupos nacionais também consideram ter uma infra-estrutura em Roterdã para avançar sobre a Europa. É o caso da Copersucar, que aluga desde o ano passado tanques para armazenar álcool. Tongeren afirmou que o grupo Cosan também já fez sondagem para investir no porto. Procurada, o grupo informou que não há nada concreto para Roterdã.

Desde o ano passado, a Braskem, braço da área química e petroquímica do grupo Odebrecht, mantém um escritório de representação comercial na cidade que abriga o maior porto da Europa.

“O Brasil é um grande player para Roterdã”, disse M.W. van Sluis, presidente da Deltalinqs, empresa que representa as companhias instaladas no porto holandês. “O crescente mercado para energia [etanol, gás natural, biodiesel e petróleo] está gerando demandas”, afirmou. De acordo com ele, a economia do Brasil tem crescido e o país é referência em combustíveis renováveis, mas ainda tem deficiência em infra-estrutura logística.