Embora estejam pressionando o governo para o retorno da proporção de 25% de álcool anidro na gasolina, os usineiros não formalizaram o pedido ao governo para que eleve a participação do combustível de cana em cinco pontos porcentuais. “O pedido para a revisão da mistura na gasolina foi feito informalmente durante uma reunião em Brasilia na semana passada”, declarou ontem em Sertãozinho (SP) o diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan.
Ontem, dirigentes da União da Agroindústria Canavieira (Unica), que participaram da sessão de abertura da Fenasucro & Agrocana, que se realiza em Sertãozinho, aproveitaram a presença de representantes do governo no evento para exercer seu poder lobby, com a intenção de convencê-los a elevar a participação do álcool na gasolina. Segundo Bressan, o percentual maior de álcool é desejável, pela sua contribuição ao meio-ambiente e principalmente por causa do preço. O custo do combustível ficaria um pouco menor, com contribuição positiva para os índices da inflação.
Bressan explicou que a proposta só deverá ser analisada dentro de algumas semanas, depois que o setor encaminhar a Brasília a sua proposta formal. Só então, o Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool (Cima) irá avaliar a possibilidade de retornar à proporção de 25%, como ocorria até 1 de abril. Serão considerados os estoques disponíveis de álcool e a demanda pelo produto.
Há sobra de álcool, reconhece Bressan. Isso ocorre justamente porque a participação do álcool anidro na gasolina é menor do que no ano passado. “Temos de avaliar a real disponibilidade do produto levando em conta o retorno à mistura original do produto”.
Safra maior
Embora tenha confirmado quebra de 6% do último terço da safra, por causa de um período de estiagem nos meses de março e abril, a Unica estima para este ano uma safra recorde de cana, com aumento da produção de açúcar e de álcool. Até agora, as perdas foram inexpressivas, mas isso deve se acentuar a partir de agora, no último terço da safra. A quebra deve ficar em cerca de 6% em relação à média da safra passada, estima a entidade.
A estiagem também afetará a próxima safra (2007/08), que no entanto, deve ser maior. O volume da produção ainda é incógnita, disse ontem o diretor técnico da Única, Antonio de Pádua Rodrigues, a jornalistas durante o evento do setor em Sertãozinho. “O que já perdeu, perdeu. Mas se as chuvas voltarem agora, não haverá prejuízo”. Pádua observou que a estiagem deste ano não afetará o rendimento industrial da safra que vem, já que a concentração de sacarose é determinada pelas condições do tempo na época do corte.