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Light investirá neste ano R$ 700 milhões

A Light vai investir R$ 700 milhões neste ano, informou o presidente da companhia, José Luiz Alquéres, ao Jornal do Commercio. O montante é 25% maior que os R$ 560 milhões investidos em 2008. Do total dos recursos, R$ 275 milhões serão destinados à modernização de equipamentos e ao combate aos desvios de energia. Segundo Alquéres, as perdas de energia são o principal desafio da Light.

“O grande desafio deste ano é reduzir os desvios de energia, dos quais os chamados gatos são responsáveis pela maior parte. Há desvios também por conta da necessidade de modernização de rede e utilização de equipamentos mais modernos”, disse o executivo.

Segundo ele, a Light partiu de nível de investimento de R$ 300 milhões, em 2006; em 2007, os investimentos foram de R$ 450 milhões e, em 2008, de R$ 560 milhões, total que será aumentado para os

R$ 700 milhões, ao longo deste ano, dos quais mais de um terço vai para o combate aos desvios de energia e compra de equipamentos.

Alquéres disse que o combate aos desvios de energia é feito em três frentes. A primeira é a conscientização. “A companhia fornece energia e o cidadão paga. Este cidadão tem direito de reclamar e a companhia não tem o direito de não prestar o serviço. Isto é a conscientização”, afirmou ele.

A segunda frente é a articulação institucional. “Neste caso, temos projeto no morro Santa Marta, em Botafogo. Estamos entrando em comunidade desprovida de luz, água e outros serviços urbanos. Não é possível resolver este problema apenas atendendo uma destas necessidades. É preciso articular-se. É o que estamos fazendo lá, sob o comando do governo estadual e da prefeitura”, afirmou.

Alquéres acrescentou que esta iniciativa não atingirá exclusivamente o Santa Marta. As comunidades atendidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como o Pavão-Pavãozinho, a Rocinha e o Complexo do Alemão, receberão o mesmo tipo de atenção.

A terceira frente de combate aos desvios, que o executivo chama de frente tradicional, está voltada para a modernização do sistema comercial, o que permite à empresa a supervisão próxima do cliente, principalmente com o uso da telemedição.

“Estamos instalando medidores com transmissão permanente do consumo para central. Com esta monitoração, podemos servir melhor, fazendo com que as interrupções sejam corrigidas e também permite identificar mais rápido quem está desviando energia. Com isso, nos últimos seis meses as perdas caíram 0,5%, o que significa perspectiva de entrar em rota progressiva de redução das perdas”, afirmou ele.

Para Alquéres, já é possível prever melhorias para este ano. “Do ponto de vista operacional, a Light vai ter melhoria do desempenho próprio neste ano. A economia, como todo, vai crescer menos. Espero que os efeitos das nossas ações de recuperação de energia e da nossa política mais agressiva por meio de nossa comercializadora contribuam para que o volume total de negócios da Light tenha variação positiva e acima da média dos últimos anos”, comentou.

Alquéres classificou 2008 como ano de desafios, já que a companhia estava competindo com seus próprios resultados no ano anterior.

desafio. “O ano foi muito desafiante. Nosso primeiro ano completo à frente da Light foi 2007 e o primeiro ano de nova gestão é sempre muito bom quando comparado ao anterior. Em 2008, porém, já estávamos nos comparando com nós mesmos. Do ponto de vista dos resultados financeiros, a empresa vai repetir a performance de 2007. A companhia teve boa valorização e lucratividade, as ações tiveram desempenho excepcional”, disse ele.

De acordo com o executivo, estes resultados não ocorreram a partir do nada, mas fruto do aumento da eficiência operacional da companhia, que conseguiu fazer mais coisas com menos dinheiro.

Alquéres afirmou que 2008 será lembrado como o ano em que a Light voltou a investir na construção de hidrelétricas, com o início das obras da central de Paracambi. Este ano, a companhia iniciará a construção da pequena central hidrelétrica de Lages e vai apresentar estudos para o licenciamento ambiental da usina de Itaocara.

Em relação à crise internacional, o presidente da Light comentou que a companhia ainda não sentiu fortes impactos.

“A crise afeta todos os setores, mas o primeiro afetado é o setor industrial, que tem impacto direto. Quando os consumidores retraem suas intenções de compra, alguns segmentos começam a sofrer, como foi o caso do automotivo. No mercado da Light, o setor industrial tem peso inferior a 20% e não é indústria pesada, mas de transformação. São beneficiadoras de plástico, indústria têxtil e confecções, indústrias mais urbanas. Estes segmentos ainda não foram muito afetados”, afirmou.

Alquéres disse que ainda não há sinais graves nos segmentos industriais que utilizam energia da Light. Ele, porém, descarta o risco de inadimplência caso a situação piore.

“Confiamos nos nossos consumidores e vários deles estão procurando-nos e estamos incentivando a economia de energia. Há espaço para racionalização também nesta área. Já nos consumidores residenciais, talvez por ser época de verão, onde o consumo é maior, ainda não observamos retração”, afirmou o executivo.