Cinco principais lideranças da agroindústria canavieira debateram ontem (1), no “Webinar JornalCana — Encontro de Lideranças” assuntos sobre o atual momento e as perspectivas para o futuro do setor sucroenergético, propondo alternativas que possibilitem agregar valores à produção do segmento, como também, possíveis soluções para a mitigação de problemas que possam impedir o desenvolvimento do setor no pós-pandemia.
“As principais questões institucionais e políticas ligadas ao setor sucroenergético, como pandemia da Covid-19 e os benefícios do etanol, Renovabio e Taxação dos Cbios, importações de etanol, abertura de novos mercados etanol e desenvolvimento regional foram debatidas durante o evento”, disse Josias Messias, diretor do ProCana Brasil.
O diretor executivo do Sindácol-MT, Jorge dos Santos, lembrou que nos últimos 30 anos o sucroenergético foi o setor que mais avançou no Brasil em termos sócio ambientais. “Nós já vínhamos na construção de um processo de relacionamento social da melhor qualidade, com assistência médica dentro das usinas, com refeições eficazes e eficientes, entre outros processos, e isso possibilitou que, nessa pandemia, a gente estivesse semi preparado a enfrentar este inimigo com toda a galhardia”, disse.
André Luiz Baptista Lins Rocha, presidente do Sifaeg e do Fórum Nacional Sucroenergético, destacou as inúmeras possibilidades que surgirão à frente, ressaltando que as usinas podem apostar na diversificação de seus produtos, não só do etanol de segunda geração, mas também com a alcoolquímica para a fabricação de novos plásticos, por exemplo.
“Nós temos uma oportunidade de tentar abrir mercado não só para vender o etanol, mostrando a sua importância na matriz energética na questão ambiental do país que vai comprar, mas diminuir a dependência com a importação de petróleo”, afirmou.
Os entraves para o desenvolvimento do RenovaBio também fizeram parte do debate. Um dos pontos principais foi a questão da tributação dos créditos de descarbonização (CBios). O setor busca derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro a um trecho da MP do Agro que previa a tributação dos CBios em 15%. Sem a alteração, a tributação sobre a comercialização dos créditos de carbono será de 34% e se for considerar PIS e Cofins, a contribuição social sobre lucro líquido chega a 40.25%, explica o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi.
De acordo com Gussi, no mundo inteiro esse tipo de título tem zero de tributo. “Teve o veto porque foi identificado uma renúncia fiscal. Eu disse ao ministro Guedes, isso se chama a volta dos que não foram, porque renunciar o que não se tem, não existe. Não houve receita tributária, então não tem renúncia do que eu não recebi”, ressaltou.
“Ponto importante é que todos esperam a definição da tributação e definição das metas para que o mercado possa deslanchar”, avalia o presidente do Siamig, Mário Campos Filho.
Campos lembrou que o RenovaBio já tem 220 empresas certificadas. “São empresas que acreditaram no programa, o que mostra também que teve uma grande adesão. É um programa sensacional. Um programa de benchmarking ambiental”, afirmou.
Também foram debatidas no evento online a aprovação das novas diretrizes pelo CNPE para que o etanol possa ser vendido das usinas diretamente para os postos e as relações de importação de etanol entre Brasil e Estados Unidos, principalmente sobre o governo Donald Trump pressionando pelo fim da cota de importação anual, atualmente fixada em 750 milhões litros de etanol.
Renato Augusto Pontes Cunha, presidente executivo da Novabio e do Sindaçúcar-PE, lembrou que os EUA têm um sistema protecionista e que apregoam o livre mercado com regras favoráveis a eles mesmo, portanto é preciso ter diálogo, ter um entendimento, pois “o brasileiro não tem essa postura serviçal” para atender os americanos sem ter uma troca positiva para os dois lados. “Mais do que nunca precisamos fortalecer o mercado interno, a saúde das usinas, a longevidade das usinas, principalmente com essas quedas de demanda”, afirmou.
O webinar foi patrocinado pela S-PAA Soteica – Software de Otimização em Tempo Real que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, gerando ganhos superiores a R$ 1/tc em mais de 40 usinas instaladas. Pela Telog, um integrador logístico com grande expertise na cadeia de suprimentos da agroindústria nacional e pela Pró-Usinas, uma empresa do Grupo ProCana focada em trazer tecnologia que gera resultados para as usinas.