Vários leitores contestaram as colocações do Ministério de Desenvolvimento Agrário, publicadas sábado nesta coluna. Um deles, em especial, faz reparos interessantes.
O ministério diz que usa índices do censo Agropecuário de 95 e 96 para calcular os novos índices de produtividade da pecuária. E números da Produção Agrícola do IBGE, abrangendo produtividade média em série de cinco anos, de 99 a 2003. O leitor conta que as informações do Censo Agropecuário 95/96, para a pecuária, e da pesquisa anual da produção Agrícola Municipal do IBGE, não têm qualquer relação com os dados disponíveis pela Conab. Por quê? Porque não alcançam a produção de subsistência e a consumida dentro do próprio imóvel rural. Exemplo: um imóvel rural que tenha como objetivo a engorda de bois em confinamento deve produzir volumes bastante significativos de milho, sorgo e cana. Entretanto, a produção agrícola referente a tais insumos de engorda (consumidos dentro da própria fazenda) não é computada pela Conab.
De outro lado, na pesquisa do Censo Agropecuário da pecuária, tal imóvel rural seria fator de distorção das estatísticas de lotação animal por hectare de terra, tendo em vista que o confinamento eleva, artificialmente, a lotação.
Aponta também contradição na declaração de que os índices correspondem ao desempenho médio do conjunto dos produtores. Inferiores aos rendimentos obtidos pelos produtores que fazem de sua atividade, de fato, um negócio. Diz o leitor que ou os índices são médios ou são inferiores àqueles atingidos pelos produtores que, de fato, têm um imóvel rural com o fim de produzir alimentos. Se médios, podem prejudicar um verdadeiro produtor rural que teve dificuldades em produzir, até por fatores climáticos, alijando-o, de forma injusta, da atividade.
Se fixados num nível mínimo, só afetarão aquele que, de fato, não é um produtor rural.