Empresa Bioenergy vai ofertar 15 empreendimentos e pretende investir R$ 40 milhões. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, registrou o cadastramento de 143 empreendimentos de geração interessados em participar do primeiro leilão de energia alternativa – hidráulica, biomassa e eólica -, que será promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no próximo 24 de maio. No total, os projetos das usinas inscritas no pregão somam 4.570 megawatts (MW) de potência instalada, volume mais que suficiente para atender todo o aumento anual da demanda energética do País, considerando a taxa oficial de crescimento da economia brasileira no ano passado, de 2,9%.
“O grande número de projetos cadastrados no leilão demostra o enorme interesse das empresas em direcionar investimentos para a geração de fontes renováveis”, afirma Sergio Marques, presidente da Bioenergy, companhia que pretende ofertar 15 empreendimentos – 8 projetos para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 7 para energia eólica.
Segundo Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, o custo-teto estipulado para leilão é de R$ 140 por MWh, valor bastante atrativo para as usinas que pretendem disputar projetos de biomassa (a partir do bagaço da cana) e PCHs (usinas com potência instalada de até 30 MW). “Os projetos de PCHs e biomassa têm maior potencial de contratação por serem mais competitivos”, avalia Tolmasquim, que, ao destacar essas duas fontes, coloca em dúvida o sucesso no leilão dos empreendimentos de energia eólica (gerada pela força do vento).
Para o presidente da Bioenergy, o governo erra ao colocar na disputa os projetos eólicos junto com os empreendimentos de PCHs e biomassa. “São tecnologias diferentes, com custos bastantes distintos”, avalia Marques, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE). Segundo ele, o custo-teto de US$ 140 por MWh remunera, com tranqüilidade, os investimentos para a geração de energia por meio de PCHs e bagaço da cana. No entanto, no caso dos projetos de energia eólica, o valor determinado pela Aneel ficou bem abaixo do custo para o desenvolvimento desse tipo de usina, em torno de R$ 195 por MWh. “Fechar a venda de energia oriunda de parques eólicos nessa base de preço (R$ 140 por MWh) seria suicídio”, enfatiza o presidente da Bioenergy.
Por esse motivo, Marques diz que, apesar da Bioenergy ter cadastrado 15 projetos no pregão, ele ficaria satisfeito caso a empresa consiga fechar a contratação de pelo menos 4 deles, todos de geração por meio de PCHs (usinas com potência instalada de até 30 MW). “A idéia é contratar 50% dos empreendimentos de PCHs ofertados no leilão, o que resultaria em investimentos de R$ 40 milhões, oriundos de capital próprio”, afirma o executivo.
Caso a Bionergy tenha sucesso nas suas previsões para o pregão, as pequenas usinas da companhia ficariam prontas para entrar em operação em 2009 e 2010, justamente nos períodos em que, segundo muitos analistas, poderia ocorrer um novo apagão energético, nos moldes do ocorrido em 2001. Não é à toa que o presidente da EPE destaca, em texto enviado à imprensa, a importância do novo leilão para o abastecimento energético do País no médio e longo prazos. “O leilão é muito importante para o País nesse momento, dada a pouca oferta de novas usinas hidrelétricas para licitação”, diz o texto da EPE.
Do total de empreendimentos inscritos no pregão, 77 são PCHs, que somam 1.281 MW de potência. As termelétricas a biomassa totalizam 42 projetos, com 1.504 MW de potência (a maioria das usinas – 41 – utilizarão o bagaço da cana como combustível). A fonte eólica representa um total de 24 empreendimentos inscritos e somam uma potência de 1.786 MW. No total, portanto, serão ofertados 4.570 MW de potência, com predomínio dos projetos eólicos – 39,1%, ante 28% dos empreendimentos de PCHs e 32,9% de biomassa.
As 143 unidades geradoras inscritas no leilão do dia 24, entretanto, ainda terão que passar por avaliação técnica por parte dos técnicos da Empresa de Pesquisa Energética, que analisarão todos os documentos exigidos para a participação no pregão. Entre os documentos obrigatórios estão: a licença ambiental, declaração de recursos hídricos, parecer de acesso à rede básica ou concessionária de distribuição e registro na Agência Nacional de Energia Elétrica.