Na virada do ano, a Julio Simões Logística entrou com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e gerou expectativa sobre a abertura de capital (IPO). Fernando Simões, presidente da companhia, avisa: “Há anos temos investido na profissionalização e na governança corporativa.
O pedido de registro é mais um passo nesse sentido. É prematuro dizer que estamos pensando no assunto, mas a abertura de capital não está descartada.”
De toda forma, o registro deve gerar dividendos indiretos num ano em que a companhia planeja investir R$ 300 milhões – R$ 180 milhões só no primeiro trimestre. No ano passado foram R$ 200 milhões, com a diferença que quase todo o valor foi direcionado naquela ocasião para a renovação de frota. Agora, 80% será destinado a novos projetos. Em torno de 65% dos recursos para investimentos vêm dos bancos. Com mais transparência nos negócios, o custo do dinheiro fica menor.
A Julio Simões faturou no ano passado em torno de R$ 1,65 bilhão – 11% de crescimento em relação ao volume de 2008. O aumento, apesar de parecer pequeno se comparado a anos anteriores (na casa dos 30%), não deixa de ser representativo, levando-se em consideração o fato de o setor de logística ter sido bastante afetado pela crise econômica global.
Para 2010, Simões espera faturar pelo menos 20% a mais. Um dos caminhos será por meio de contratos de gerenciamento logístico integral, as chamadas operações dedicadas. É o que faz, por exemplo, com a Veracel, do setor de papel e celulose, no sul da Bahia. Ela é responsável pelo corte da madeira, seu carregamento e transporte até o pátio para o processamento da matéria-prima e depois o carregamento dos caminhões com celulose até o porto.
Um dos setores promissores é o sucroalcooleiro. Há cerca de um ano a companhia fechou o primeiro con! trato desse tipo, e hoje já são seis empresas do setor na carteira de clientes. Simões espera fechar mais oito contratos até o fim do ano.
Outra aposta é a distribuição urbana – feita, por exemplo, com a Wickbold. A Julio Simões distribui as mercadorias, mantendo a identidade visual do cliente nos veículos, nos uniformes e no atendimento feito pelos funcionários. Simões acaba de assinar dois contratos. Para atendê-los, fará 650 contratações em São Paulo. Hoje são 11,5 mil funcionários e outros 4 mil carreteiros autônomos.
Até o fim do ano a companhia inicia outra área de negócios. Num projeto de R$ 150 milhões, está sendo construído em Itaquaquecetuba (SP) um terminal logístico integrado à linha férrea operada pela MRS. Com o terminal de 500 metros quadrados, a Julio Simões poderá receber carga transportada pela MRS, descarregá-la, armazená-la e distribuí-la.
JUSTIÇA
Há dez meses, dois executivos da Julio Simões apareceram na Operação Nêmesis, da Secretaria! de Segurança Pública da Bahia, e chegaram a ser presos. Ao todo, foram 27 indiciados, incluindo Fernando Simões, além de policiais do alto escalão. A empresa foi acusada de liderar um esquema de corrupção no fornecimento de viaturas para a polícia local. A denúncia ainda é investigada.
Simões diz que o caso não chegou a gerar uma crise nos negócios. Ao contrário, diz que até recebeu a solidariedade de clientes e gente do setor. “Confio na Justiça”, afirma o empresário.