Foram mais de 60 tentativas até que finalmente veio o resultado: o tijolo sustentável, feito com as cinzas provenientes da queima do bagaço da cana-de-açúcar.A invenção é de duas jovens de Palmeira dos Índios, município de pouco mais de 75 mil habitantes no Agreste alagoano. Elas estudam no Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e, durante toda a pesquisa, foram orientadas pela professora de engenharia civil Sheyla Marques. Samantha Mendonça, 19, e Taísa Tenório, 20, passaram dois anos estudando e pesquisando até que encontraram a fórmula ideal para criar um tijolo com um custo bem menor e que pode mudar a realidade de muitas comunidades da própria cidade onde elas nasceram. Durante os estudos, as pesquisadoras descobriram que as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar possuem sílica, um composto utilizado no cimento para dar liga e resistência. “Já tínhamos lido sobre as cinzas do bagaço da cana e, quando fizemos os testes, deu muito certo. O problema maior foi encontrar um solo ideal. Não queríamos comprar o solo, o objetivo é retirar da própria comunidade, tudo isso para baratear todos os custos”, ressalta a professora. As pesquisadoras levaram meses até que, após uma escavação para a construção do estacionamento do instituto, elas descobriram que o solo ideal estava bem “debaixo de seus pés”. “Nem íamos testar esse solo, mas resolvemos fazer uma tentativa e, para nossa surpresa, funcionou. Nunca poderíamos imaginar que o solo estaria aqui dentro do instituto”, diz Samantha Tenório, estudante do curso de edificações. As pesquisadoras não guardam segredo sobre o processo de fabricação e quantidade de elementos utilizados na fabricação do tijolo de solo cimento. São 86% de solo, 6% de cimento e 8% de cinzas do bagaço da cana-de-açúcar. Após reunidas essas medidas, a água é acrescentada aos poucos até que se forme uma mistura homogênea. “Como utilizamos as cinzas, não precisamos fazer nenhuma queima, os tijolos secam na sombra, sem emitir gases poluentes para o meio ambiente”, diz a estudante Taísa Tenório, pesquisadora do projeto. Depois de pronto, o tijolo de solo cimento sustentável passa pelo processo de secagem, chamado de período de cura, que dura de 7 a 14 dias. Mas nesse processo é preciso ter paciência para manter o tijolo sempre úmido. “Depois de pronto, esperamos seis horas e, a cada duas horas, borrifamos um pouco de água para garantir que o tijolo não perderá suas propriedades”, diz Samantha. Pesquisas mostram que 40% das emissões de gases globais de CO2 estão ligadas à indústria da construção civil, principalmente devido à produção exaustiva do material e aos processos de eliminação de gases para a natureza. Para garantir que o meio ambiente não seria prejudicado com esse processo de fabricação do tijolo, as meninas inventaram um produto que não passa pelo processo de queima e que utiliza recursos da própria natureza sem prejudicá-la. Como o solo utilizado na invenção é encontrado na própria comunidade, as pesquisadoras falam que o gasto é apenas com o percentual de cimento. “Desde o início queríamos que a comunidade fabricasse seu próprio tijolo para construir suas casas. Cada tijolo desses sai por R$ 0,05 e um comum varia entre R$ 0,39 a R$ 0,45”, ressalta a estudante Taísa Tenório.
Mercado
Jovens alagoanas criam tijolo com cinzas do bagaço da cana-de-açúcar
Mais Notícias
Mais artigosEventos
25ª Conferência Internacional DATAGRO marca os 50 anos do Proálcool
Conferência Internacional DATAGRO reunirá autoridades, empresários, pesquisadores e especialistas para discutir as perspectivas do setor sucroenergético
Usinas
Saiba qual é a participação do setor de bionergia nas exportações do agro
Levantamento que divulga a participação do setor de bionergia nas vendas externas do agro é da Agrostat
Mercado
100 anos da CMNP é "sinônimo de habilidade", afirma Miguel Tranin, da Alcopar
Presidente da Alcopar, Miguel Tranin, comenta, em vídeo, sobre os 100 anos da CMNP
Mercado
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná celebra 100 anos com evento no Ibirapuera
Evento histórico marca os 100 anos da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
Canabio
Produtividade da cana estagnada: até quando?
Práticas regenerativas mostram ganhos imediatos e desafiam modelos convencionais de produção
Meio Ambiente
Por que o etanol é solução imediata para os desafios da descarbonização, segundo a bp
Avaliação de como o etanol é solução imediata para os desafios da descarbonização é do CEO da bp bioenergy