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Jeb Bush defende, de novo, fim de barreiras

O ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão do presidente americano, George W. Bush, defendeu ontem de forma enfática a eliminação das barreiras tarifárias que encarecem a importação de etanol nos Estados Unidos, prejudicando produtores mais competitivos como o Brasil.

“Subsídios e tarifas atrasam o desenvolvimento dos biocombustíveis ao proteger produtores ineficientes e atrasando a inovação”, disse ele. “O protecionismo não é uma resposta, e o isolamento também não”, acrescentou. “Não deveríamos confundir independência energética com autonomia energética”.

Os Estados Unidos cobram uma tarifa de 2,5% sobre as importações de etanol e uma taxa adicional equivalente a US$ 0,14 por litro para evitar que os incentivos fiscais criados para estimular a indústria americana de etanol acabem beneficiando produtores estrangeiros. A taxa acabou de ser renovada pelo Congresso americano e deverá permanecer em vigor até dezembro de 2008.

O Brasil tem pressionado os EUA a eliminar essa barreira, na esperança de ampliar o mercado para o álcool produzido no Brasil e atrair mais investimentos para a produção no país. Mas o prestígio político da indústria americana de etanol é crescente e seus aliados no Congresso têm força para bloquear qualquer tentativa de discutir o assunto.

Jeb Bush disse que a eliminação da tarifa do etanol é “muito viável” depois que ela expirar, daqui a dois anos. Ele acha que até lá ficará mais evidente a incapacidade da indústria americana de suprir sozinha a crescente demanda pelo combustível nos Estados Unidos, onde ele é feito de milho, sem agravar os problemas que a alta dos preços do grão criou para indústrias alimentícias e criadores de gado.

O ex-governador é um dos coordenadores da Comissão Interamericana de Etanol, um grupo privado que criou no fim do ano junto com o ex-ministro da Agricultura brasileiro, Roberto Rodrigues, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. Eles divulgaram ontem, em Washington, um amplo estudo sobre a indústria de biocombustíveis na América Latina.

O trabalho estima que o Brasil precisará investir alguma coisa entre US$ 40 bilhões e US$ 60 bilhões em aumento de capacidade produtiva, pesquisas e infra-estrutura se quiser triplicar sua produção de etanol até o ano 2020. O estudo foi feito por uma consultoria internacional sediada em Washington, a Garten Rothkopf, por encomenda do BID.

Moreno disse ontem que o banco está avaliando a possibilidade de participar do financiamento de três usinas de etanol no Brasil, com previsão de US$ 570 milhões em investimentos. Outros cinco projetos, avaliados em US$ 2 bilhões, estão na fila para ser examinados pelo BID.

Durante o debate que se seguiu à apresentação do estudo, o ex-ministro Roberto Rodrigues sugeriu que o dinheiro arrecadado pelos americanos com a tarifa do etanol seja usado para financiar pesquisas e desenvolver novas tecnologias para a produção de biocombustíveis no Brasil e nos Estados Unidos. Ele provocou risos ao dizer que os recursos deveriam ser tratado como “dinheiro brasileiro”.

Jeb Bush riu da proposta e disse que seria uma boa idéia se o Brasil se comprometesse, em troca, a comprar máquinas produzidas nos EUA para fazer a colheita de cana-de-açúcar no Brasil. Rodrigues então sugeriu que as máquinas fossem produzidas no Brasil também: “Tudo bem, mas com empregos brasileiros.”

O estudo divulgado está disponível em www.gartenrothkopf.com