Uma comitiva de empresários japoneses pediu ontem ao governo brasileiro garantia de abastecimento de longo prazo, estabilidade de preços e condições logísticas para iniciar as compras do etanol nacional#. “Estamos convencidos de que não há problemas com fornecimento. Mas estamos preocupados com a estabilidade de preços e resta saber se há logística de estradas e portos para fazer o etanol chegar ao Japão”, afirmou o presidente da trading japonesa Mitsui, Shoei Utsuda. “Havendo esta garantia, não haverá problemas”, disse.
Em resposta aos executivos do Comitê Econômico Brasil-Japão da Confederação da Indústria do Japão (Keidanren), o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, cobrou a “garantia de compra” do combustível brasileiro. “O Brasil não pode produzir etanol sem ter garantia de compra. Álcool não é petróleo, que se não houver demanda, se reduz a extração”, afirmou o ministro. “É preciso haver uma demanda firme e garantida para fornecer o álcool”, disse ele.
O interesse dos japoneses pelo etanol brasileiro tem se multiplicado nos últimos meses. Os asiáticos temem perder a liderança do processo para empresas dos Estados Unidos, como ocorreu com a soja nos anos 70. Nesta semana, a Mitsui assinou um memorando com a Petrobras e com usineiros para analisar a construção de até 40 destilarias de álcool no Brasil.
O mercado do Japão poderia absorver 1,8 bilhão de litros de álcool no curto prazo – cerca de 10% da produção total brasileira. A lei japonesa permite a adição de 3% de etanol à gasolina, mas não há obrigatoriedade da mistura. No encontro, Guedes afirmou que poderiam ser firmados contratos de longo prazo com o Japão, cujos preços seriam atrelados a um cálculo sobre a cotação do petróleo.