Mercado

Japão é o próximo destino do álcool brasileiro

O álcool brasileiro já está com destino fechado no segundo semestre: Japão. Os embarques vão ocorrer a partir do segundo semestre deste ano, segundo Clayton Miranda, vice-presidente comercial da trading Coimex. Uma joint venture fechada entre a trading brasileira e a japonesa Mitsui vai abrir o caminho para o produto nacional.

Segundo Miranda, o Japão ainda precisa criar regulamentação para o uso da mistura do álcool na gasolina, a exemplo do que ocorre no Brasil. A expectativa é de que as novas regras saiam até o final do primeiro semestre. A intenção, diz Miranda, é de que nos próximos cinco anos pelo menos cinco bilhões de álcool sejam negociados com aquele país.

O primeiro passo, explica o executivo, é que os japoneses comprem 500 milhões de litros de álcool nos próximos doze meses, a partir do segundo semestre deste ano. A mistura naquele país ainda não está definida. Mas a intenção é de iniciar com um blend de 2% na gasolina e, depois, fixar em 10%.

Maior trading de commodities do país, a Coimex tem nas mãos das usinas sucroalcooleiras do Brasil cerca de 650 milhões de litros de álcool. No ano passado, a trading comprou álcool das usinas para negociar no mercado externo. No entanto, com o desabastecimento do mercado interno o produto voltou para as usinas. “A partir de junho o álcool retorna para a Coimex e será exportado”, afirma.

O Japão não está interessado em apenas importar álcool brasileiro. Interessa ao país também produzir álcool para abastecer suas necessidades. Contudo, os japoneses não detêm ainda a tecnologia para produzir álcool em seu próprio país. Além disso, as áreas agrícolas são limitadas.

Segundo Miranda, os japoneses podem começar a produzir álcool no Brasil. Uma usina piloto já estaria funcionando na usina Costa Pinto, do grupo Cosan, instalada em Piracicaba, interior de São Paulo. Uma nova tecnologia está sendo desenvolvida pela companhia BNRI, divisão do grupo Mitsui. “A tecnologia consegue ser ainda melhor que a brasileira, que permite menor uso de energia e maior concentração de álcool”, informa Miranda.

Além do Japão, outros mercados asiáticos, como a Coréia, estão interessados no álcool brasileiro. A Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar) também tem projetos para negociar álcool para a Coréia. No ano passado, os paranaenses fecharam a venda de álcool para o Japão. A Suíça é outro país interessado no produto brasileiro. A intenção foi confirmada pelo embaixador suíço ao governo brasileiro. No mês de janeiro, eles estiveram em Goiás, onde visitaram usinas de açúcar e álcool e deram os primeiros sinais de que poderiam comprar o produto.

O Brasil exporta por ano cerca de 500 milhões de litros de álcool, a maioria ainda é do tipo hidratado para outros fins, usado pelas indústrias químicas e farmacêuticas e de bebidas. Segundo os dados da consultoria sucroalcooleira Datagro, o país poderá mais que dobrar os volumes de exportação para 1,12 bilhão de litros, se confirmados os negócios com o Japão. A opção por um produto limpo e renovável ganhou força com a assinatura do Protocolo de Kyoto. Os europeus também devem aderir à mistura de álcool na gasolina. França, Espanha e Suécia encabeçam as intenções. A Austrália, um dos grandes produtores de açúcar, também deve receber ajuda do governo para iniciar a produção de álcool. Índia e Tailândia também caminham para o mesmo fim.

Nos Estados Unidos, a produção de álcool já atinge 8 bilhões de litros. Até 2016, os volumes deverão dobrar. Os norte-americanos já investem na construção de destilarias para aumentar a capacidade de oferta de álcool.

Coimex Trading Company: av. Paulista, 925, 5° andar Fone: (11) 3178-1800

Banner Evento Mobile