Mercado

Itaú BBA prevê queda de 10% na dívida das usinas

Estudo do Itaú BBA aponta que a dívida líquida das usinas e destilarias brasileiras deve cair 10% na recém iniciada safra 2010/2011 de cana-deaçúcar, se comparada a anterior, de R$ 40 bilhões para R$ 36 bilhões. O banco prevê ainda que a geração de caixa das unidades salte de R$ 13,7 bilhões para R$ 17,2 bilhões, alta de 25,5% no período, e que o Capex, ou capital para investimentos em ativos, caia de R$ 11 bilhões para R$ 8,5 bilhões, queda de 22,7%.

“O crescimento na geração de caixa e a redução nos investimentos trarão uma desalavancagem ao setor”, avaliou Alexandre Figliolino, diretor comercial para açúcar e álcool do Itaú BBA. O levantamento, feito a partir de uma amostra com 34 grupos sucroalcooleiros capazes de processar 253 milhões de toneladas de cana, ou 50% do total do Centro-Sul do País, aponta ainda que a dívida líquida sobre o processamento deve cair de R$ 80,20 por tonelada de cana moída, verificados em 2009/2010, para R$ 60 por tonelada em 2010/2011.

Já a relação dívida líquida e dívida pelo Ebitda, que é o lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, deve cair de 3,61 para 2,03, o que mostra, segundo Figliolino, que ao final desta safra “o setor volta a ganhar certa capacidade de investimento”.

No entanto, o executivo alerta que a recuperação das usinas e destilarias após uma série de crises, de preços e de liquidez, ainda não é uniforme e o nível de endividamento é muito heterogêneo.

“Enquanto a dívida média é de R$ 74,49 por tonelada de cana processada, algumas empresas saudáveis devem R$ 20 por tonelada e outras devem R$ 160 por tonelada, o que é impagável”, avaliou Figliolino.

CRISE. Ainda de acordo com o executivo, depois da crise de liquidez, o setor voltou a ter crédito, mas as instituições financeiras agem de forma mais seletiva na concessão de novos financiamentos e avaliam mais as empresas. “É uma seleção natural positiva.” O banco, que participou das principais fusões e aquisições recentes no setor sucroalcooleiro – como as junções de ETH e Brenco, Cosan e Shell, e a compra da Moema pela Bunge – avalia que a consolidação no setor sucroalcooleiro deve seguir nos próximos anos e que investidores e grupos devem buscar moagens totais acima de 30 milhões de toneladas por safra. Além disso, o surgimento de clusters de usinas será ampliado e empresas de menor porte serão cada vez menos relevantes no setor.

Com a consolidação, a participação no setor dos cinco maiores grupos sucroalcooleiros, que há cinco anos era de 12%, hoje está em 27% e chegará a 40% em 2015, na avaliação do Itaú BBA. Já a participação do capital estrangeiro no setor também cresce na mesma proporção e também deve chegar a 40% daqui a cinco anos, dos atuais 25% e apenas 6% há cinco anos.

O crescimento na geração de caixa e a redução nos investimentos trarão uma desalavancagem ao setor.”