Mercado

Itália quer que Mercosul aceite regras de origem

A Itália está pedindo uma melhora na oferta do Mercosul para denominação geográfica de origem. Em contrapartida, o país se diz sensível à demanda do bloco do Cone Sul por maior abertura dos mercados agrícolas na negociação de um acordo de livre comércio com a União Européia.

“A Itália pede ao Brasil que reconheça as denominações geográficas de origem, como está previsto na OMC (Organização Mundial de Comércio)”, disse Adolfo Urso, ministro de Comércio Exterior da Itália.

“Nós somos favoráveis a abrir o mercado europeu para produtos agrícolas do Mercosul”, completou o ministro, que participou ontem de encontro na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Em visita ao Brasil, Urso deixou claro que a Itália apóia o acordo com o Mercosul e disse que conversou sobre o assunto, na quarta-feira, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Furlan.

“Estamos conscientes dos problemas, mas esperamos que o acordo seja assinado ainda pela atual Comissão Européia”, reforçou Urso, referindo-se ao prazo de 31 de outubro, quando serão trocados os comissários europeus e os principais negociadores do bloco.

Na avaliação do ministro italiano, “as propostas que estão hoje sobre a mesa, tanto do Mercosul quanto da UE, não são satisfatórias, porque não incluem os acordos verbais que já haviam sido alcançados”.

Urso faz menção as sinalizações feitas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo comissário de Comércio, Pascal Lamy, que acabaram não se concretizando na hora da troca de ofertas.

A proteção das denominações geográficas de origem é uma das principais demandas européias e um dos pontos mais sensíveis na negociação com o Mercosul. A UE quer o monopólio na comercialização de produtos como presunto Parma, queijos Roquefort, Gongonzola e Parmigiano-Reggiano.

O Mercosul aceitou incluir esse tema na negociação, mas não definiu quais designações serão aceitas. E o bloco quer manter nomes genéricos como queijo parmesão.

O intercâmbio comercial entre Brasil e Itália ainda é incipiente. De janeiro a agosto, os brasileiros exportaram 1,96 bilhão para a Itália e importaram 1,34 bilhão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em 2003, a corrente de comércio entre os dois países (exportações mais importações) ficou em US$ 3,96 bilhões.

Para Urso, existem possibilidades de incrementar esse comércio em alimentos, têxtil e vestuário, elétrico, mecânico e energia renovável.

Ele enfatizou que é necessário que as pequenas e médias empresas italianas invistam no Brasil. Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, a entidade e o governo italiano devem assinar em breve um protocolo de cooperação para aumentar o fluxo de comércio.