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Itália e EUA iniciam produção de etanol celulósico

A Itália e os Estados Unidos iniciam até julho de 2012 a produção de etanol celulósico em duas plantas de demonstração. O governo norte americano investiu cerca de US$ 100 milhões na planta que começa a operar no próximo ano para a produção de etanol de milho. O presidente regional da Novozymes para a América Latina, Pedro Luiz Fernandes, diz que o Brasil, que liderou o mercado mundial de etanol desde o início do Pró-Alcool, em 1975, perde posição pela demora em começar a produzir etanol de segunda geração, obtido a partir do bagaço da cana de açúcar. A constatação foi feita durante reunião na Embaixada da Dinamarca, em Brasília, com representantes de vários órgãos governamentais e entidades de classe envolvidas diretamente na questão do biocombustível no Brasil. “O Brasil precisa de US$ 50 milhões em investimentos para montar uma planta com capacidade de produzir 50 milhões de litros/ano de etanol celulósico”.

Segundo Fernandes, o Brasil já dispõe de toda a biotecnologia necessária para iniciar a produção do etanol de segunda geração, mas precisa ter uma planta de demonstração de larga escala para poder testar e ajustar todas as fases de produção, antes de iniciar a etapa comercial.

Fernandes afirma que se forem usados somente 25% do bagaço de cana existente hoje no Brasil, o país produziria 2 bilhões de litros de etanol celulósico. “Além de atender toda a demanda interna, o país poderia exportar o excedente. Aliás, quando começar a produzir o etanol do bagaço da cana, o Brasil quase duplicará a sua produção nacional de etanol. Uma tonelada de cana cortada, por exemplo, produz 45 litros de etanol de primeira geração e 270 kg de bagaço de cana. Essa quantidade de bagaço pode gerar 40 litros de etanol de segunda geração, quase dobrando o volume de produção de biocombustível com a mesma quantidade de matéria-prima”.

O embaixador dinamarquês Svend Roed Nielsen convidou representantes dos órgãos governamentais brasileiros envolvidos nos estudos do etanol celulósico para apresentar a biotecnologia desenvolvida na Dinamarca, por meio da Novozymes, e que já está disponível para o Brasil.

Participaram do encontro representantes da Casa Civil e cinco Ministérios – Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior; e Relações Exteriores) –, além da Agência Nacional de Petróleo (ANP), CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Comissão Técnica Interministerial do Biodiesel e União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA).

A Dinamarca elegeu as áreas da energia, clima, meio ambiente e econômica verde como prioritárias para incrementar o intercâmbio comercial com o Brasil nos próximos anos. A maior cooperação na área de pesquisa e inovação faz parte dessa estratégia.