Dos países emergentes, o Brasil é a exceção negativa. Na comparação do desempenho econômico de alguns países selecionados em 2005, aí incluídos emergentes e tigres asiáticos, europeus e até latino-americanos, chega-se à conclusão de que o Brasil é, no máximo, um anão dentre eles. Há quem veja nisso certa evolução. Afinal, dizem, o País teria passado da histórica classificação de gigante adormecido para a atual classificação de anão emergente. Tal constatação não se baseia apenas na análise fria dos indicadores econômicos, registrados em três anos de governo Lula, mas principalmente quando se simulam algumas projeções para o período compreendido entre 2002 e 2010. Embora não tenha comparecido aos dois recentes fóruns mundiais – o social, em Caracas, e o econômico, em Davos, na Suíça –, Lula ficou sabendo que o Brasil está fora da rota dos grandes investidores estrangeiros, que, cada vez mais, convergem para três grandes países: Rússia, China e Índia. Depois deles, as preferências dos investidores voltam-se para Espanha, Irlanda e o Leste Europeu. Atendidas as prioridades acima, se o Brasil quiser de fato atrair investimento estrangeiro para o setor produtivo terá de disputá-lo, palmo a palmo, com Austrália, Nigéria, África do Sul, México, Costa Rica e Chile. A China é a bola da vez da globalização. A Rússia está fazendo valer, no xadrez internacional, sua condição de grande produtora de petróleo – dez milhões de barris diários de óleo – e de gás natural. Por sua vez, a Índia (a mais discreta das três potenciais) abriu o jogo em Davos. Com a invejável taxa de poupança interna de 25% do PIB (a do Brasil é, no máximo, de 19%), exportações crescentes de software e de produtos de média e alta tecnologia, os indianos rivalizam com os chineses na atração de capital estrangeiro. Têm a vantagem de ser a maior democracia do mundo. Como se tudo isso não bastasse, o governo indiano anunciou, na Suíça, um programa social do tipo Fome Zero, só que com alcance de cinco a seis vezes maior do que o nosso. Em outras palavras, a Índia tirou de Lula o título de executor, na versão oficial do Planalto, “do maior programa social do mundo”. Enquanto indianos, chineses e russos avançam em silêncio, o governo brasileiro esqueceu-se de implantar a política industrial anunciada no início de 2004 e que se basearia no tripé formado por bens de capital, fármacos e semicondutores. O mais curioso nisso tudo é que as duas grandes vitórias obtidas pelo Grupo dos 20, coordenado pelo Brasil, na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios ao algodão americano e ao açúcar europeu beneficiaram muito mais a chineses e a indianos do que ao Brasil. Mais curioso ainda é que chineses e russos, aliados do Brasil no Grupo dos 20, foram os primeiros a anunciar a suspensão das importações brasileiras de carne bovina no segundo semestre de 2005, quando foram registrados alguns casos de febre aftosa. Tudo isso, agravado pelo imediato atendimento a quaisquer exigências argentinas, em nome da salvação do Mercosul, traz de volta ao Brasil o famoso “complexo de vira-latas”, expressão criada por Nélson Rodrigues para explicar a perda do mundial de futebol para os uruguaios em 1950, no Rio de Janeiro. Nélson Rodrigues imaginou que em 1958, após a conquista do primeiro título mundial pela seleção brasileira, em Estocolmo (Suécia), esse complexo tivesse acabado. Enganou-se. Ganhamos mais quatro títulos depois disso e ele permanece. Até quando? Até quando resolvermos acabar com ele – e em definitivo. kicker: Os grandes investidores estrangeiros cada vez mais convergem para três grandes países: Rússia, China e Índia
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