“Cana-de-Açúcar não bebe qualquer tipo de água”. Esta frase abre reportagem publicada anteontem e traduz a sabedoria popular de quem acumula séculos de experiências, transmitidas de geração a geração, na prática cotidiana do cultivo da cana.

O dito, apropriadamente, abre a reportagem onde está exposto o resultado (muito) positivo de pesquisas tocadas pela Universidade Federal de Alagoas. Unindo, com felicidade, teoria e prática, pesquisadores do curso de Agronomia da Ufal desenvolveram um sistema de irrigação subterrânea que está sendo aplicado com sucesso pela agroindústria canavieira.

Os efeitos positivos das soluções encontradas pelos pesquisadores da Ufal refletem-se na ampliação dos investimentos privados, na multiplicação da produtividade e na mobilidade social nas áreas onde o experimento está sendo implementado.

Várias lições brotam dessa experiência. Merecem toda atenção.

A primeira grand e lição é importância da junção entre os centros de ensino superior e a economia real. Se, por um lado, a abstração jamais poderá ser castrada numa Universidade, por outro lado é um tremendo erro desvincular as pesquisas acadêmicas do sentido prático, tratando os resultados que possibilitem progressos e aplicações imediatas como se pecados fossem (ou como se fossem “desvios capitalistas”).

Ambas as áreas, abstrata e a concreta, fazem parte do ensino, onde, em todos os níveis, aprender não é privilégio restrito aos alunos, pois os mestres também aprendem ao ministrarem aulas. Especialmente nos níveis superiores de ensino, esta mão dupla é questão elementar. Não existe universidade sem pesquisa.

Que esse exemplo das novas técnicas de irrigação subterrânea façam escola; que germinem, cresçam, floresçam e multipliquem-se em novos frutos, inúmeras sementes. É disto que Alagoas precisa.