A expectativa é que as exportações para o país retomem os patamares observados na década de 80. O setor de infra-estrutura iraquiano está ampliando suas compras do Brasil. O Iraque importou US$ 152,99 milhões em 2006, três vezes mais que os US$ 49,99 milhões de 2005. Esse é o melhor resultado em 20 anos, mas ainda há potencial de expansão. A pauta está sendo ampliada e já inclui itens como transformadores diesel-elétrico, pás carregadoras, chassi com motor diesel, tratores rodoviários, semi-reboques e de esteira. Para este ano, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, Jalal Chaya, espera que as exportações para o Iraque retomem os patamares da década de 80.
“Este ano as vendas brasileiras devem mais que triplicar, superando os US$ 480 milhões que marcaram as relações bilaterais na década de 80”, afirma. A novidade, segundo ele, é que haverá aumento significativo da participação dos manufaturados na pauta, enquanto o ano passado ainda foi marcado pela predominância de produtos básicos, principalmente açúcar e carnes.
Para Chaya, o aumento das vendas de itens de infra-estrutura é um sinal claro do ritmo da reconstrução do Iraque. “Compras dessa natureza, independentemente de qualquer situação política, indicam que o país tem firme a disposição de se reerguer”, afirma. Ele destaca que os iraquianos estão vendo que o Brasil não é especializado exclusivamente em commodities e que os manufaturados daqui são de alta qualidade.
No entanto, o resultado de vendas ao Iraque ainda não reflete a realidade do comércio exterior entre os dois países. Isso porque uma grande parcela de exportações brasileiras ao mercado iraquiano é feita por intermédio de importadores dos países vizinhos do Iraque. Esses negócios são conhecidos como “operações triangulares”. Por conta disso, essas vendas não são contabilizadas na balança de relações bilaterais entre os dois países. “Essas operações são realizadas porque ainda falta infra-estrutura de armazenagem no Iraque para receber todos os produtos importados”, explica Chaya.
De janeiro a novembro do ano passado, as exportações pelos países vizinhos chegaram a US$ 51,94 milhões. Se esse volume de negócios fosse contabilizado para o Iraque, o total superaria US$ 205 milhões em 2006.
Porém, o presidente da Câmara alerta para um problema que tem ocorrido na fronteira iraquiana: a retenção de mercadorias. Todos os produtos importados pelo Iraque precisam de certificado de origem. As mercadorias exportadas nas “operações triangulares” sofrem dificuldades para ingressar no país por falta da documentação necessária. No Brasil, a certificação dos documentos para os produtos entrarem no mercado iraquiano é realizada pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, com a autenticação final feita pela Embaixada iraquiana.
Entre os dez itens mais vendidos pelo Brasil ao Iraque, que dividem espaço com açúcar, carne de frango e bovina, figuram transformadores diesel-elétrico, pás carregadoras, chassi com motor diesel, tratores rodoviários, semi-reboques e de esteira.
Importações
Apesar do aumento espetacular das exportações, o déficit comercial do Brasil com o Iraque ficou praticamente estável, com queda de 6%, de US$ 472,53 milhões em 2005 para US$ 443,66 no ano passado. Grande exportador de petróleo, o Iraque vendeu para o País 14% a mais em 2006, passando de US$ 522,52 milhões no ano anterior para US$ 596,65 milhões.