Mercado

Iranianos querem substituir petróleo por biocombustíveis

Uma delegação de deputados da República Islâmica do Irã (antiga Pérsia) veio conhecer de perto a produção brasileira de biocombustíveis. Em visita à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, em Brasília, os parlamentares que compõem a Comissão de Agricultura , Àgua e Recursos Naturais daquele país, salientaram que o mundo caminha para a substituição de petróleo pelos combustíveis renováveis.

Segundo explicou Sayed Jaseme Saedi, chefe da delegação, o Irã tem grande interesse em mudar sua matriz energética e utilizar o petróleo apenas para a produção de artigos nobres e não mais na fabricação de combustível. Por conta dessa iniciativa, oito parlamentares visitam o Brasil neste mês e deverão visitar usinas e lavouras de cana e soja além dos centros de pesquisa da Embrapa.

O deputado Marcos Montes (DEM/MG), presidente da Comissão de Agricultura, disse aos colegas iranianos, que o Brasil quer mostrar ao mundo novas possibilidades de energia, que não as resultantes de matérias -primas fósseis como o carvão e o petróleo. “Estamos abertos a cooperar com países que desejam conhecer nosso potencial agroenergético. Não só no fornecimento de matérias-primas renováveis, mas também no desenvolvimento de tecnologia como as usinas de biodiesel, o motor flex e outras inovações nascidas aqui em solo e de cérebros brasileiros”, destacou Montes.

A produção iraniana de petróleo é cerca de 4,2 millhões de barris/dia, deixando o país na quarta posição entre os maiores produtores. Exporta aproximadamente 2,5 milhões de barris/dia. A perspectiva de consumo mundial de petróleo, para 2007, é de 85,8 milhões de barris/dia. Os poços de petróleo iranianos encontram-se situados no sudoeste do país, junto ao Golfo Pérsico. Por conta da tecnologia desenvolvida pela Petrobrás, de prospecção de petróleo em águas profundas, o Brasil e Irã trabalham juntos há alguns anos.

Quanto à agricultura iraniana, devido ao clima seco e árido e às poucas áreas férteis, 80% das lavouras são irrigadas. O governo estimula a otimização dos recursos e a rentabilidade do agricultor com subsídios aos preços dos produtos. De acordo com os parlamentares, a intenção é ampliar o processo de agroindustrialização visando maior garantia de renda. Dados de 2005, mostram que a agricultura contribui com 11,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e emprega 30% da população.

O país tem restrições à produção de transgênicos, informaram os parlamentares iranianos. Eles contam a experiência com arroz transgênico, que provocou problemas ambientais na região. Os Iranianos também são contrários à compra de produtos transgênicos de outros países.

Segundo o Conselheiro da Embaixada do Irã no Brasil, Seyed Majid Foroughi Arani, o comércio entre Brasil e Irã movimenta anualmente US$ 1,5 bilhão em produtos agrícolas brasileiros exportados, entre eles, açúcar, carne de frango e óleos. Em contrapartida as importações brasileiras atingem US$ 30 milhões, principalmente de frutas secas e manufaturados como tapetes. O Irã é auto-suficiente na produção de carne, ovos, leite e derivados e trigo. Neste ano o país já realizou exportações do cereal. Os islâmicos querem equilibrar o comércio bilateral, com aumento de exportações para o Brasil. A população do Irã é cerca de 70 milhões de habitantes e o país tem uma área próxima a do Estado do Amazonas, com 1.648.195 Km2. As informações são da assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados.