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Ipiranga pode produzir biodiesel

A Petrobras, Ultra e Braskem estudam forma de agregar valor e diversificar os produtos da refinaria da Ipiranga no Rio Grande do Sul. Uma das alternativas é o início da produção de biodiesel, segundo o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A estatal terá três usinas voltadas à produção do combustível renovável – Ceará, Bahia e Minas Gerais -, com capacidade para 50 milhões de litros anuais cada. No plano da Petrobras, a intenção é chegar a 850 milhões de litros por ano, com o uso de parte das refinarias existentes, hoje destinadas a outros fins.

“As três empresas vão investir na refinaria e agregar valor aos produtos. Isso vai propiciar não só a manutenção dos empregos, mas possivelmente a diversificação do elenco de produtos”, afirmou Costa, em audiência pública na Câmara dos Deputados, após o questionamento de parlamentares sobre eventuais demissões como conseqüência da compra da Ipiranga. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (RS) apresentou um estudo para justificar sua “apreensão” e “angústia” com o risco de cortes de pessoal. Segundo a entidade, quando a Braskem assumiu o pólo baiano de Camaçari, houve duas mil demissões e o fim do plano de previdência complementar.

O sindicato observou que a aquisição da Ipiranga criará forte concentração de mercado em alguns produtos. A Braskem (sob controle da Odebrecht) ficará com 60% das atividades petroquímicas do grupo Ipiranga. O mercado de pelo menos seis produtos da chamada “primeira geração” de petroquímicos será dominado pela Braskem, após a integração: eteno (71% do mercado), propeno (77%), butadieno (78%), benzeno (78%), tolueno (63%) e xilenos (72%). Os dois pólos do Sudeste (São Paulo e Rio) produzem juntos, por exemplo, 1 milhão de toneladas de eteno por ano. Com o controle dos pólos baianos e gaúcho, a Braskem produzirá 2,5 milhões de toneladas anuais.

“Se o setor no Brasil não se organizar e concentrar suas atividades, ele vai ser arrasado pela petroquímica mundial”, rebateu o diretor da Petrobras. “Não há mais espaço para pequenas empresas participarem do setor petroquímico. Há uma necessidade de fortalecimento”, disse Costa.

O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, tentou afastar a preocupação dos trabalhadores e citou a necessidade dos investimentos. Segundo ele, é preciso construir uma unidade de polipropileno a cada três anos e uma de polietileno a cada quatro ou cinco anos.