Mercado

Ipiranga era alvo perfeito para o Grupo Ultra

Depois de chegar ao limite no mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha), o Grupo Ultra enxerga, na aquisição da Ipiranga, o melhor caminho para o crescimento de sua atuação na distribuição de combustíveis. Há hoje pouco espaço para crescimento no mercado de GLP e já tínhamos definido ampliar o escopo de produtos para evitar a estagnação no mercado de combustíveis, disse, ao Estado, o presidente do Ultra, Pedro Wongtschowski.

A companhia é responsável hoje por cerca de 24% das vendas de GLP no Brasil, por meio das marcas Ultragaz e Bahiagás. Enfrenta forte competição da holandesa SHV, com 23%, e da Petrobrás – por meio da marca Liquigás -, com 21%,. Na avaliação de Wongtschowski, a empresa está perto do limite do crescimento em volume de vendas e vinha trabalhando nos últimos anos apenas em eficiência operacional, com o objetivo de melhorar as margens de lucro.

Vendas de GLP no País estão abaixo do pico verificado no ano 2000

Além disso, o mercado de GLP vem se mostrando pouco atrativo nos últimos anos, com redução das vendas devido à competição com o gás natural.

Especialistas dizem que a grande concorrência entre grupos de porte internacional também prejudica as empresas, que são obrigadas a trabalhar com margens reduzidas para não perder mercado.

No ano passado, segundo dados do Sindicato Nacional das empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), o consumo nacional foi de 6,5 milhões de toneladas, um crescimento de apenas 1,5% em relação ao ano anterior. O volume é 7,6% inferior ao pico de vendas atingido em 2000, de 7 milhões de toneladas. Além da concorrência com o gás natural, executivos do setor dizem que o mercado vem sofrendo com o baixo poder aquisitivo da população, que, em regiões mais pobres, voltou a usar lenha para cozinhar.

Já no mercado de combustíveis automotivos, diz Wongtschowski, o crescimento ainda pode se dar sobre as distribuidoras de menor porte.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), 40% dos postos de gasolina do Brasil não têm vínculos com distribuidoras e podem ser classificados como postos de bandeira branca. O número é mais de duas vezes superior aos 16,7% de pontos com bandeira BR, da Petrobrás Distribuidora. É justamente nesse mercado que a Ipiranga, hoje com 11,4% dos postos brasileiros, vinha se focando ultimamente, dizem fontes do setor. A Ipiranga está com uma política extremamente agressiva para cima da bandeira branca. Em São Paulo, a empresa pegou recentemente ótimos postos que não tinham bandeira, diz um executivo do setor. A Ipiranga era o alvo perfeito para quem pretendia entrar no mercado de combustíveis: tem marca forte, é uma rentável e experiente, afirmou Wongtschowski.