O resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, com uma alta de 0,19%, como divulgou ontem o IBGE, mostra que a inflação continua sob controle. Nem a nova metodologia de cálculo, iniciada este mês – que modificou pesos de itens conforme alterações verificadas no consumo das famílias brasileiras – foi capaz de influir de forma significativa na variação do indicador. O cenário está bastante confortável e a inflação deve encerrar 2006 abaixo da meta, com 4%, disse o economista Gian Barbosa, da Tendências Consultoria. O IPCA é usado como parâmetro para as metas de inflação. Em junho, havia registrado deflação de 0,21%.
A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, admitiu que o resultado de julho poderia ter sido um pouco mais alto, se fosse usada a base de cálculo anterior, mas nada substancial. Nenhuma estrutura fará com que ao longo do tempo a inflação seja maior ou menor, comentou.
Como os grupos de transportes e alimentos, os dois que mais pressionaram a taxa em julho, perderam peso na nova metodologia, a mudança acabou beneficiando a inflação no mês.
item transportes reduziu em dois pontos porcentuais o peso no cálculo e alimentação e bebidas, um ponto. A aceleração no IPCA de junho para julho ocorreu justamente por causa da pressão localizada nos combustíveis e nos alimentos, como destacou Eulina.
O IPCA era calculado, até junho , com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 1995-1996. A partir do índice de julho, a base passou a ser a POF 2002-2003. Segundo Eulina, apesar da introdução da nova base, toda a série histórica da inflação pode ser comparável ao índice de julho. Os valores (pesos) foram obtidos na POF 2002-2003, mas foram monetariamente atualizados para julho, por isso é possível comparar os dados de julho com junho e os meses anteriores, disse.
Segundo ela, a diferença de 0,40 ponto porcentual nas taxas de um mês para o outro é significativa, mas a situação se mantém mais ou menos a mesma. O argumento de Eulina é de que a deflação de junho foi extremamente puxada pela queda no álcool combustível e nos alimentos, e o que ocorreu em julho foi apenas uma aceleração nessas duas exceções.
Ela observou que vários itens pesquisados continuam com queda de preços e tarifas importantes nas despesas das famílias, como energia elétrica e telefone, tiveram deflação em julho, de 0,73% e 0,27%, respectivamente. Segundo ela, o grupo transportes (0,37%) subiu puxado por álcool (1,04%), gasolina (0,81%), ônibus interestaduais (6,64%) e ônibus intermunicipais (3,14%).
O álcool reverteu queda de 8,77% em junho porque os usineiros estão atraídos pela alta do preço internacional do açúcar e priorizam sua produção.
A gasolina, com parcela de 20% de álcool em sua composição, acompanhou o aumento.