Mercado

IPCA desacelera e inflação de setembro fica em 0,33%

Alta acumulada no ano é de 5,49%, quase atingindo a meta para 2004. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou desaceleração pelo segundo mês consecutivo e registrou em setembro a menor taxa de inflação deste ano, de 0,33%, bem abaixo da alta de 0,69% apurada em agosto, segundo dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma variação em torno de 0,40%. A inflação de setembro pelo IPCA, que serve de referência para o sistema de metas do governo, foi a menor desde outubro de 2003, que havia sido de 0,29%.

Em setembro de 2003, o IPCA havia aumentado 0,78%. Nos nove primeiros meses deste ano, ele acumula inflação de 5,49%, abaixo do percentual apurado em igual período de 2003 (8,05%), quase atingindo o centro da meta de inflação para o ano que é de 5,5%. A alta acumulada nos últimos 12 meses é de 6,70%, inferior ao resultado dos 12 meses anteriores (7,18%).

O IPCA mede a inflação de famílias com renda de um a 40 salários mínimos. Para cálculo do índice de setembro, foram coletados os preços no período de 27 de agosto a 27 de setembro e comparados com os preços vigentes no período de 29 de julho a 26 de agosto.

Entre as onze regiões onde o IPCA é apurado, a maior taxa foi registrada em Goiânia, com alta de 0,77%, em razão sobretudo da variação no item energia elétrica (9,21%). Já a menor taxa foi observada em Curitiba, a única com deflação, de 0,08%, ante alta de 1,38% em agosto. A inflação em setembro foi de 0,13% em Belém; 0,15% em Fortaleza; 0,25%, em Salvador; 0,26% em Brasília; 0,28% em São Paulo; 0,33%, em Recife; 0,37% no Rio; 0,47% em Porto Alegre e 0,66% em Belo Horizonte.

O indicador deve fechar o ano dentro do teto das projeções do mercado, que é de 7,31%, como consta da última pesquisa semanal do Banco Central com analistas do mercado. A avaliação é do economista-chefe da consultoria Lopes Filho, Júlio Hegedus. Ele disse que incluiu na sua projeção “os reajustes dos combustíveis, que devem ocorrer em meados de novembro”. Ele disse ainda que a inflação, no curto prazo, está sob controle, e que os riscos inflacionários observados no momento são, além dos possíveis aumentos no preço do combustível, os possíveis repasses de custos para o varejo no final do ano.

Hegedus disse ainda que os preços dos alimentos, que caíram muito em setembro, deverão se recuperar em outubro. Se não houver reajuste nos preços dos combustíveis no curto prazo, disse ele, o IPCA, nos últimos três meses deste ano, deverá mostrar inflação mensal em torno de 0,40% a 0,50%.

Os alimentos, que apresentaram deflação de 0,19% em setembro, após alta de 0,85% em agosto, foram os principais responsáveis pela desaceleração da taxa do IPCA. Vários produtos ficaram mais baratos, especialmente aqueles suscetíveis a fatores climáticos e que haviam exercido pressão no resultado do mês anterior. Os destaques ficaram por conta dos preços da cebola, com queda de 17,43%; do tomate, com recuo de 15,90%; e das hortaliças, que caíram 9,24%. Ficaram mais baratos também a farinha de mandioca, com queda de 6,45%; o feijão carioca, que baixou 4,99%; arroz, que diminuiu 3,58% e peixes, com decréscimo de 2,80%.

A cana-de-açúcar exerceu a menor influência sobre os preços de seus derivados. Por conta disso, a inflação do açúcar refinado passou de 14,67% em agosto, para 9,38% em setembro, e a do cristal passou de 5,42% para 2,50%. Da mesma forma, o álcool combustível, que subiu 11,49% em agosto, teve aumento de apenas em 1,21% em setembro.

Segundo o IBGE, a diminuição no preço do álcool refletiu-se no preço da gasolina, que, de um inflação de 1,64% em agosto, teve deflação de 0,70% em setembro. Além disso, outros produtos apresentaram variações negativas: artigos de higiene pessoal, de alta de 0,52% em agosto para queda de 1,47% em setembro, e o gás de cozinha, com deflação de 0,95% em agosto e de 0,81% em setembro.

INPC sobe 0,17% em setembro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – que apura variações de preços de famílias com renda de um a oito salários mínimos – registrou alta de 0,17% em setembro, ficando com 0,33 ponto percentual abaixo da taxa apurada em agosto, de 0,50%, divulgou o IBGE na sexta-feira. Em setembro no ano passado, a elevação do INPC foi de 0,82%. Nos primeiros nove meses deste ano, o indicador acumula alta de 4,59%, abaixo da taxa apurada em igual período de 2003 (8,96%). Nos últimos 12 meses, a taxa ficou em 5,95%, abaixo do resultado dos doze meses anteriores (6,64%).

A maior contribuição para a desaceleração do índice também veio do grupo alimentos, que registrou deflação de 0,23%, ante alta de 0,76% apurada em agosto. Os grupos não alimentícios subiram 0,35%, contra alta de 0,39%.