Mercado

IPCA cai para apenas 0,05%

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) driblou todas as expectativas e encerrou agosto com alta de apenas 0,05%. Analistas de mercado não esperavam variação inferior a 0,15%. A queda nos preços dos combustíveis provocou a surpresa positiva e, novamente, distanciou a inflação acumulada no ano (1,78%) e em 12 meses (3,84%) da meta de 4,5% definida pelo governo para o ano. Em julho, o IPCA foi de 0,16%.

Com a inflação abaixo do esperado – a menor taxa para um mês de agosto desde 1998 -, os juros futuros desabaram no mercado financeiro, apontando para uma possível nova queda de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 17 e 18 de outubro.

A coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, enfatizou que a inflação em 12 meses mostra recuo a cada mês em 2006 e, em agosto, foi a menor apurada nessa base de comparação desde 1999. Segundo Eulina, o dólar baixo é o principal fator a garantir os índices reduzidos, além da boa safra agrícola e a menor pressão dos preços administrados. Em agosto, por exemplo, houve redução em preços monitorados como energia elétrica (-0,16%) e telefone fixo (-0,54%).

O economista do Ibmec e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, avalia que o dólar baixo garantirá uma inflação baixa até o fim deste ano e o IPCA fechará 2006 em torno de 3%. “O câmbio está dando tudo o que o Banco Central podia querer para conter a inflação.”

Em conseqüência desse cenário tranqüilo para a inflação no País, Thadeu de Freitas espera uma queda de no mínimo 0,50 ponto nos juros (Selic) na próxima reunião do Copom. “Temos uma atividade econômica andando mais devagar e expectativa inflacionária cada vez menor, dois ingredientes importantes para a queda dos juros.”

Os dados do IPCA de agosto mostraram vários itens em deflação, mas a taxa foi positiva especialmente por causa da estabilidade do grupo de alimentos e bebidas (0,07%) e do reajuste dos empregados domésticos (2,26%, ainda refletindo o reajuste do salário mínimo).

No caso dos combustíveis, principal impacto negativo para a taxa, os preços da gasolina caíram 0,40% em agosto, após um reajuste de 0,81% em julho, enquanto o álcool registrou recuo de 0,81%, revertendo uma alta de 1,04% no mês anterior.

Eulina explicou que o aumento dos combustíveis em julho se deveu a uma “tentativa abortada” dos produtores de álcool de recuperação de preços, que não encontrou receptividade no mercado.