O bom preço do açúcar, as perspectivas de ampliar as exportações e a popularização dos motores flex vem causando um “boom” sem precedentes no setor sucroalcooleiro no Brasil. Pelo menos 40 novas usinas de açúcar e álcool estão em construção no País e muitas das 350 já existentes estão ampliando sua capacidade de produção.
Só o Estado de São Paulo deve receber nos próximos cinco anos a instalação de 31 destilarias e usinas de açúcar e álcool, num investimento total de US$ 4,5 bilhões, criando pelo menos 25 mil empregos diretos e 87 mil indiretos.
Segundo especialistas, esta expansão do setor está injetando R$ 12 bilhões na economia nacional, com reflexos diretos na geração de empregos. Somente no Centro-Sul, a previsão é que 12 unidades comecem a funcionar na próxima safra, a maioria voltada para a produção de álcool.
Embora o açúcar nacional tenha futuro promissor no mercado internacional com a União Européia impedida de vender seu produto subsidiado, é o álcool combustível a maior vedete do crescimento sucroalcooleiro. O País deverá produzir neste ano 16 bilhões de litros, quantia que só foi fabricada pelas usinas no auge do Proácool, em 1988.
“Os investimentos são o reflexo do otimismo que o setor está vivenciando”, analisa o presidente da Alcopar, Anísio Tormena, que prevê crescimento de no mínimo 20% da produção sucroalcooleira paranaense nos próximos dois anos. Segundo Tormena, a tendência é o aumento da produção focada no álcool, motivada pela expansão projetada do consumo interno do combustível e as perspectivas de exportação.
O compromisso assumido pelos países de reduzir as emissões de carbono com combustíveis alternativos é outra vertente que estimula o setor a investir no aumento da produção. Somente o Japão, que estuda mistura de etanol na gasolina e no diesel, abrirá um mercado potencial de 6 bilhões de litros de álcool. Estudos projetam que em 2010 a demanda da União Européia será de 13 bilhões de litros.
“O Brasil tem tudo para abocanhar uma fatia expressiva deste mercado, já que tem tecnologia testada e comprovada e terras para expandir a produção”, ressalta o presidente da Alcopar.
Expansão no Paraná é estimado em 20% nos próximos dois anos
Projetos saem do papel no Paraná
No noroeste do Paraná, onde se concentra a maior parte da produção sucroalcooleira do Estado, as usinas começam a executar projetos de expansão industrial que vinham sendo planejados nos últimos anos. O Grupo Santa Terezinha, formado por quatro usinas, está investindo R$ 180 milhões na construção de uma quinta unidade, em Terra Rica.
Em 2007, quando entrar em operação, a unidade colocará no mercado 42 milhões de litros de álcool e 69 mil toneladas de açúcar. A nova planta industrial tem capacidade para fabricar 75 mil litros de álcool e 86 mil toneladas de açúcar, devendo atingir sua plenitude em 2009.
O plano, segundo o diretor da empresa, Paulo Meneguetti, é destinar todo o açúcar para exportação. Quando estiver operando com a capacidade total, a nova filial vai incrementar em 17% a produção sucroalcooleira do Grupo, que hoje fabrica 36,7% do açúcar paranaense e 9,7% do álcool.
Assim como várias usinas, a Coopcana, de Paraíso do Norte, que só fabricava álcool, passará a produzir açúcar para exportação já a partir do próximo ano. Para isso, promove adaptações em sua destilaria com o objetivo de estrear no mercado com 80 mil toneladas de açúcar VHP.
O plano é aumentar a capacidade de moagem da cana em 36%, passando dos atuais 2,2 milhões de toneladas para 3 milhões. Em cinco anos, a meta é chegar a 150 mil toneladas de açúcar e 170 milhões de litros de álcool.
SAFRA PREJUDICADA
Para sustentar o crescimento das indústrias, o setor vem ampliando a área de canaviais numa média de 5% a cada safra. Em relação à safra passada, o aumento das lavouras foi de 4,3%, saltando de 355 mil hectares para 370 mil.
Embora a área de plantio tenha crescido, a Alcopar estima uma redução de 8% na produção dos canaviais este ano, em função da falta de chuvas no primeiro trimestre. A estiagem provocou quebra estimada de 12% na produtividade dos canaviais. Com isso, a expectativa é de que a produção de álcool e de açúcar este ano seja 6% menor que a do ano passado.