O JornalCana promoveu ontem (27/05) um webinar sobre as tendências para mitigar custos e otimizar resultados, trazendo uma visão sobre o que as empresas estão fazendo diante da pandemia e preços baixos do etanol. O evento virtual, que até o momento teve cerca de mil visualizações, também destacou quais mudanças adicionais na gestão agroindustrial foram exigidas pelo cenário atual.
Com o título “Usinas de Alta Performance: Custos, Perdas e Gestão Agroindustrial”, o webinar foi aberto por Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, contanto com a participação dos executivos Everton Carpanezi, gerente executivo de Cluster Agroindustrial da Tereos, Luiz Cintra, superintendente industrial Cluster Sul da BPBunge Bioenergia e Luiz Scartezini, diretor Agroindustrial da Zilor.
Os palestrantes mostraram que a adequação diante das novas demandas foi relevante para reduzir os impactos da crise. Assim como foram exigidas alterações na indústria para se adequar ao novo momento, mudando o mix, entre outros fatores, já que muitas usinas optaram pela maior produção de açúcar para compensar as perdas com o etanol.
Segundo Carpanezi, a Tereos teve que se adequar operacionalmente, trabalhando em vários ambientes para as usinas operarem normalmente diante da pandemia. Medidas de segurança e prevenção foram tomadas, entre elas, em gestão de pessoas, com mudanças de turnos, aumento da frota, e intensificação da higienização. A companhia também deixou apta sua cadeia de suprimentos para qualquer deslize que poderia ocorrer no início de safra, diante da possibilidade de atraso na entrega dos produtos, a exemplo do que ocorreu na greve dos caminhoneiros.
“O fato de estar presente em mais de 10 países em quatro continentes na área de produção de açúcar, amido e alimentos, ajudou no benchmarking interno para auxiliar ao combate à disseminação do coronavírus em nossas operações”, explicou o profissional. Carpanezi comentou ainda que, há cinco anos, a empresa vem priorizando a excelência operacional, com investimentos baseados em ganhos e na entrega de produtos com mais qualidade.
Neste sentido, a empresa apostou nas soluções de Big Data e inteligência artificial, usando as tecnologias para aperfeiçoar sua performance e melhorar diversas operações, como melhor controle dos tratos culturais, aplicação de herbicida por imagem, entre outros. Outra ação mirando em bons retornos foi no investimento na implantação de meiose e replantio, o que proporcionará um canavial mais sadio e com vida maior, trazendo mais ganhos à companhia.
Na área industrial, a Tereos também investiu na expansão dos laços fechados do software S-PAA, com o Evaporador 4.0, atuando por meio de sensores e lógica de controle avançado para aumentar a confiabilidade e desempenho da evaporação, entre outros benefícios.
De acordo com Cintra, o planejamento forte voltado para etanol conforme perspectivas do início do ano, precisou ser revisto diante da crise que vive o biocombustível. Somado a isso, a jovem empresa, resultado da joint-venture entre a BP e a Bunge Açúcar e Álcool, a BPBunge Bioenergia, estava em processo de reestruturação, até dezembro passado, com a integração iniciada em janeiro.
“No meio do processo de integração iniciado em dezembro passado, fomos pegos de surpresa com a pandemia. Desde o início, o nosso foco foi com a segurança dos nossos funcionários e da comunidade que nos cercam. Criamos um comitê de crise e implantamos diversas medidas para assegurar a segurança e saúde de todos”, explicou. A companhia é responsável por 11 unidades e pela gestão de 360 mil hectares de terras agricultáveis, nos estados de TO, SP, MG, MS e GO, e tem capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Apesar do momento conturbado, o processo de integração, sustentado por boas práticas e colaboração de todos, vem sendo considerado um sucesso, e resultando em ganhos bem consideráveis. Disciplina financeira e operacional contribuem para seguir os planos voltados para a qualidade da gestão, operação e produção.
Scartezini, da Zilor, comentou que a empresa se preocupou em manter a operação preservando os colaboradores, com medidas de prevenção e usando a transparência e comunicação, tanto internamente, quanto com a comunidade. A companhia se preocupou também com o acesso aos insumos para garantir a produção, mas não encontrou dificuldades na originação desses produtos.
“Além da questão do preço e da pandemia, enfrentamos um cenário de seca muito drástico de final de fevereiro até agora, tornando a safra ainda mais desafiadora. Então as medidas de contenção de caixa vêm se tornando cada vez mais importantes ainda”, afirmou o diretor, dizendo que a Zilor congelou todos os CAPEX previstos, salvo o investimento em plantio e tratos culturais, que é a base do negócio da empresa.
O executivo avaliou ainda que o maior custo e potencial de ganho está na área agrícola. “Estamos falando da base do nosso negócio. Recentemente, fizemos uma revisão do nosso pacote agrícola visando o aumento de produtividade, passando por definições de novas variedades, meiose, adubação foliar, ou seja, fazer o simples bem feito”, disse. Ele ressaltou ainda que a Zilor tem um diferencial competitivo nesta área com um modelo de parceria com o fornecedor de cana da região de Lençóis Paulista/SP, o que ajuda no processo de redução de custo.
“O setor sucroenergético se manifestou essencial para a economia. Tomou medidas rápidas na gestão por conta da pandemia, através de ações de prevenção e segurança, como também, foi solidário doando álcool 70% às instituições e entidades em um momento no qual o produto era necessário”, disse Josias. O jornalista reforçou a intenção do webinar em contribuir para o segmento, importante ator na economia nacional, com geração de empregos e renda.
“Foi uma grata surpresa o expressivo número de visualizações. Serão dois eventos online para substituir o tradicional Sinatub presencial, realizado todos os anos. Neste webinar contamos com profissionais de referência no setor. Eles foram excelentes nas suas colocações e mostraram estratégias para otimização da gestão agroindustrial. No próximo, vamos focar nos indicadores de custos, perdas e de gestão industrial”, disse.
A credibilidade dos palestrantes e a importância do tema foi destacado por Josias. “Por conta da pandemia e dos baixos preços, é preciso produzir mais, de forma melhor, com mais segurança e ainda com menor custo. Isso é exigido para qualquer usina sobreviver neste cenário”.
O evento foi patrocinado pela Pró-Usinas, uma empresa do Grupo ProCana focada em trazer tecnologia que gera resultados para as usinas e a S-PAA Soteica, software de otimização em tempo real da cogeração e da planta industrial que já está implantado em 45 usinas apresentando ganhos significativos, maiores do que R$ 1,00 por tonelada de cana moída.
O próximo webinar será realizado na próxima quarta-feira (3 de junho), às 18h.
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