O projeto Fábrica de Fertilizantes Integrada, desenvolvido pelo pesquisador doutor Paulo Sérgio Correia, foi um dos vencedores do 1º Concurso de Ideias “Economia Verde”, da Agência de Fomento Paulista da Nossa Caixa Desenvolvimento. O prêmio será entregue hoje (3), pelo governador Alberto Goldman, em São Paulo, e vai encerrar o lançamento da Bolda Internacional de Economia Verde, que teve início na quarta-feira.
A proposta de Fábio, engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), será transformada em realidade em 2011, com a construção da primeira fábrica em Mato Grosso do Sul, com capacidade para produzir 120 mil toneladas de fertilizantes organominerais, feito com resíduos da atividade agropecuária e do cultivo de cana-de-açúcar, integra ndo esses dois setores que ainda são antagônicos e não muito simpatizantes entre si, conforme o pesquisador.
Ele desenvolveu a tecnologia e já patenteou o projeto que dá uma nova destinação, mais adequada, a uma carga altamente poluidora, que são os resíduos do gado em confinamento e do abate, assim como da produção de açúcar e álcool, como a cinza e a torta de filtro.
“O processo reduz custos agrícolas de produção, com queda de mais de R$ 5,00 por tonelada de cana, e R$ 7,50 o preço do Mwh, produzido com redução global de energia e viabilização de projetos gerados de energia elétrica a partir da biomassa regionalmente, além da redução na emissão de gases de efeito estufa”.
O equilíbrio entre as duas atividades em que atuava com redução de custos e otimização do uso da terra foi a razão que motivou Correia a desenvolver o projeto. Os estudos foram iniciados há oito anos. “Um boi abatido produz cerca de 55 metros cúbicos de resíduos. Com a cinza e torta de fil tro resultantes do processamento da cana é possível criar fertilizantes altamente competitivos, com 30% de minerais e 70% de material orgânico. O produto ainda tem um fator biológico que dá um desempenho diferenciado ao solo, ajuda a reduzir as perdas com melhor absorção”, explicou.
INTEGRAÇÃO. Para ser viável a planta da fábrica precisa estar instalada mais próximo da usina do que da indústria frigorífica. Outra vantagem é que com uma destinação para os resíduos produzidos pelos bois, como o excremento, é possível manter uma quantidade maior de gado em confinamento, otimizando o uso da terra.
Correia explicou ainda que a fábrica integrada entre as duas atividades reduz custo da produção da cana, porque, por fornecer o material para a elaboração do produto e bagaço para complementar a alimentação do boi, o fertilizante será disponibilizado à usina de forma subsidiada. O restante, a empresa poderá comercializar com preços competitivos no mercado nacional para toda a atividade agrícola.
“Atualmente 76% dos fertilizantes usados no Brasil são importados, o que dificulta uma queda no preço. Esse novo produto também apresenta uma boa eficiência no cultivo e poderá ser utilizado na produção de grãos, café pastagens e hortifruti”, explicou.
Gazeta de Piracicaba