A inflação do Reino Unido registrou sua maior aceleração do último período de pelo menos oito anos, em julho passado, devido à alta dos preços do petróleo, que ultrapassaram os US$ 60 por barril, limitando o espaço de manobra para que o Bank of England, o Banco Central do Reino Unido, reduza sua taxa básica de juros e estimule a economia.
O índice anualizado de preços ao consumidor subiu para 2,3% em julho, contra os 2% de junho, disse ontem em Londres o Departamento Nacional de Estatística. Esse é o mais alto percentual, desde que o departamento começou a fazer esse tipo de mensuração, em 1997.
O Bank of England reduziu sua taxa referencial de juros para 4,5% este mês, devido à desaceleração do crescimento da economia do Reino Unido, que atingiu sua maior baixa dos últimos 12 anos no segundo trimestre deste ano. Na semana passada, Mervyn King, presidente do BC britânico, frustrou especulações de que a taxa de juros da região sofreria uma nova redução ao prever que o crescimento econômico ganharia impulso e que a inflação ultrapassaria seu teto dentro de dois anos.
“A inflação está surpreendentemente alta”, disse Barry Naisbitt, economista-chefe do Abbey National de Londres. E não é apenas o preço da gasolina, “é também o efeito dominó dos altos preços do petróleo sobre os outros setores da economia. O próximo corte da taxa de juros ainda está um pouco longe”.
A aceleração da inflação em julho passado foi impulsionada pela alta do preço dos combustíveis e dos lubrificantes. Os gastos com transporte e tarifas de prestadoras de serviços públicos, como as fornecedoras de água e energia elétrica, registraram a maior alta desde 1997. Os preços do petróleo bruto mais que dobraram desde o final de 2003.
O aumento das tarifas para alguns serviços bancários também ajudou a elevar a taxa de inflação. “Esses são números ruins”, disse Geoffrey Dicks, do Royal Bank of Scotland Group, de Londres.