Dos até US$ 800 milhões anunciados recentemente pela Infinity Bio-Energy para investimentos no segmento sucroalcooleiro brasileiros nos próximos meses, pelo menos US$ 600 milhões serão aplicados na aquisição de seis usinas de açúcar e álcool até fevereiro próximo.
Sérgio Thompson-Flores, CEO da companhia, disse ao Valor que negocia parceria com o empresário capixaba Jorge Furtado, do setor sucroalcooleiro, para promover a expansão da Infinity no Espírito Santo. Os planos da empresa incluem pelo menos quatro usinas no Estado e outras duas plantas no Mato Grosso do Sul. Minas Gerais e Bahia também estão no foco da Infinity.
Com ações negociadas desde o dia 23 de maio na bolsa de Londres e valor de mercado próximo a US$ 300 milhões, a Infinity Bio-Energy chegou no Brasil no ano passado, com a aquisição de 100% da usina Alcana, em Nanuque (MG). Meses depois, fez outras duas aquisições – a Usinavi (ex-Coopernavi), em Naviraí (MS), da qual detém 91% de participação, e a Cridasa, em Pedro Canário (ES), com controle de 51%. Nessas aquisições, a companhia investiu US$ 200 milhões.
A empresa pretende moer, no curto prazo, entre 15 milhões e 16 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Hoje, as três usinas controladas pela companhia processam 3,5 milhões de toneladas de cana por safra. Para 2007/08, a expectativa é de que essas usinas processem 4,7 milhões de toneladas.
O empresário Jorge Furtado, com quem a Infinity está se associando no Espírito Santo, é presidente da usina Disa, de Conceição da Barra (ES). Segundo Thompson-Flores, a expertise de Furtado no Estado deverá ajudar a Infinity a avançar em cana naquela região. O Espírito Santo produz cerca de 5 milhões de toneladas de cana.
Na avaliação de Furtado, o Espírito Santo tem condições de avançar em mais 100 mil hectares com cana. Hoje os canaviais ocupam cerca de 60 mil hectares, segundo a Secretaria de Agricultura do Estado. “Podemos criar um cluster com cana de cerca de 13 milhões de toneladas nos próximos cinco anos”, disse. “Os canaviais podem avançar sobre as áreas de pastagens”.
A Infinity é formada por investidores estrangeiros e fundos de investimentos, entre os quais o Merrill Lynch, Stark e Och-Ziff Management, que juntos somam 10% de participação. O fundo Kidd & Company, um dos fundadores da Infintiy, tem cerca de 25% de participação.
Andrew Lipman, presidente do conselho administrativo do Infinity e presidente do Kidd & Company, um dos maiores acionistas da empresa, confirmou os planos de expansão. “Temos diversos negócios nos Estados Unidos, mas decidimos investir em álcool no Brasil porque o mercado está aqui”.
Desde o seu lançamento em bolsa, a Infinity realizou captações de US$ 360 milhões e está estruturada para levantar R$ 850 milhões de seus sócios. A companhia não descarta lançar ações no Brasil no médio ou longo prazo.