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Indústria sucroalcooleira redescobre Goiás

O Estado de Goiás é o caminho para a expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil. Usinas buscam investir na região que ainda possui várias áreas disponíveis para plantação de cana-de-açúcar e construção das usinas. Usineiros que pretendem expandir os negócios ou novos grupos que se formam se interessam pelo Estado. O grupo paulista São Martinho implantará nova unidade em Bom Jesus, em parceria com a Petrobras Biocombustíveis. Outro grupo, o Jalles Machado, também terá outra usina em operação já em 2011, e em cerca de um ano e meio será inaugurada em Cachoeira Dourada a nova unidade do Grupo USJ.

Como o investimento no Estado ainda é recente, não é possível analisar o retorno, mas o montante investido tem sido alto e a curto e médio prazo. “Goiás tem sido a maior fronteira de expansão do setor. O consumo do álcool está aumentando e vai aumentar ainda mais, já que o preço é mais baixo do que o da gasolina”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás, André Luiz Rocha. Ele acredita que 60% da frota de veículos leves seja abastecida com etanol nos próximos anos em função do preço.

Narciso Berthold, diretor comercial do Grupo USJ, revela que Goiás mostrou, em curto prazo, tremenda aptidão para o setor e expansão rápida, em plantação nas áreas de pastagens. Segundo ele, a ampliação do investimento se deu após a crise econômica na safra passada e hoje se consegue maior flexibilidade para adquirir crédito. “O desenvolvimento se dá em dois projetos: aumenta-se a capacidade da usina e/ou se constrói novas unidades.”

Henrique Penna de Siqueira, diretor técnico da Jalles Machado, usina de Goianésia, afirma que o Estado é o que mais tem crescido no País. Ele explica que, apesar disto, ainda há um “apagão logístico” em Goiás. “No começo ficamos empolgados com os projetos de alcooldutos, rodovias e ferrovias, mas nos decepcionamos. Agora, a Ferrovia Norte-Sul até está em bom ritmo e esperamos que termine em 2012”, conta, sobre a dificuldade em escoação da produção.

O empresário alega que a expansão das usinas no setor e a vinda de outros grupos vai refletir no aumento de mercadoria e isto eleva a importância da região. Com isso, “aumenta a quantidade de contemplados, gera mais ganho e cresce o potencial das usinas”, segundo Henrique. Assim mesmo, ele diz que os investimentos têm sido pequenos, pois os ganhos dos empresários são baixos, dado o baixo preço do etanol no mercado. “A safra de 2009 foi ruim, mas o preço era bom e compensou. Já este ano a safra está boa, aumentou a demanda, mas o preço é baixo.”

André diz que no ano passado a safra rendeu mais para os produtores de açúcar, mas que este ano houve a retomada do etanol, o que é comprovado com a expansão usineira. A capitalização de muitas empresas, especialmente as situadas no Estado de São Paulo, fez com que o nível de endividamento diminuísse e o de investimento ampliasse. No entanto, esta situação não é própria do setor e corresponde, na verdade, a casos pontuais, como o São Martinho, que conseguiu ampliar o crédito após a parceria com a Petrobras Combustível.

No País, conforme indica André Luiz, há expansão do setor, mas este se dá em baixa velocidade, sendo que Goiás é o lugar mais procurado. “O ramo sucroalcooleiro pretende crescer com o desenvolvimento do mercado interno e a abertura do externo. Algumas empresas conseguiram garantir ampliação de capital por ações na bolsa ou vendendo patrimônio”, relata. O caso do São Martinho se dá pela segunda razão. O grupo vendeu parte do seu capital para abater a dívida, cuja relação sobre a geração de caixa caiu de 2,27 vezes para 1,18 vez.