A indústria paulista de transformação continuou fechando postos de trabalho em maio, embora em ritmo mais moderado do que nos meses anteriores. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o fechamento de 3,5 mil vagas – queda de 0,69% ante abril – teve como principal causa a retração das exportações, que segue prejudicando setores como a metalurgia, que fechou 1.333 postos em maio, quase todos da Usiminas. O setor de máquinas e equipamentos reportou 1.110 postos a menos, e o de veículos automotores fechou o mês com 1.057 demissões.
Em termos ajustados, a baixa foi de 0,17% no mês, o que representa um retrocesso se considerada a alta de 0,81% de abril. Aquela recuperação, no entanto, estava mais associada às usinas de cana-de-açúcar.
Com o fim da temporada de contratações no setor sucroalcooleiro, o forte empregador do período, a trajetória pode ser mais uma vez negativa em junho. Em maio, o segmento abriu pouco mais de 5 mil vagas, acumulando quase 57.500 contratações nos primeiros cinco meses deste ano.
Para Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas econômicas da Fiesp, o mais provável é que o fim das demissões ocorra apenas em julho e que as contratações sejam retomadas gradualmente no segundo semestre. Ainda assim, a entidade estima saldo negativo para o emprego no fim do ano.
Segundo Francini, desconsiderando a contribuição da indústria de álcool e açúcar, os demais setores podem fechar 4 mil vagas em junho, quase metade dos 8.541 postos fechados em maio pelo conjunto de indústrias, que exclui a sucroalcooleira. De janeiro a maio, esse conjunto fechou 103.497 vagas.
Ainda assim, a perda de 4 mil empregos em junho significaria um aumen to em relação ao total de 3,5 mil vagas encerradas no mês passado. Para Francini, a trajetória para a zeragem das dispensas está sendo “mais longa do que o previsto”. A Fiesp esperava que o processo começasse em maio.
No conjunto, o levantamento de maio sinalizou uma melhora. Dos 22 setores monitorados pela Fiesp, 14 demitiram e 7 contrataram, proporção que não era observada desde outubro do ano passado. Até abril, o número de segmentos que demitiram vinha oscilando entre 16 e 21 e o de contratantes variava de 0 a 6. “Houve uma pequena melhora”, avalia Francini.
O Sensor da Fiesp, que apura a percepção dos industriais sobre o desempenho no momento presente, também mostrou piora na primeira quinzena de junho e fechou aos 50,8 pontos, depois de ter acusado 51,4 pontos na segunda quinzena de maio.
Francini acredita que foi apenas um “suspiro” o avanço observado no início de maio, quando o Sensor alcançou 53,2 pontos – melhor patamar desde setembro de 2008. Ainda a ssim, vale notar que níveis superiores a 50 pontos indicam bom desempenho.
Dentre as cinco componentes do indicador, a piora de avaliação foi mais expressiva em relação às vendas, cuja pontuação caiu de 57 para 54,4 nesta medição. Os estoques continuam se mostrando acima do desejável e as condições de empregabilidade se mantiveram em avaliação negativa, aos 48,9 pontos. Isso indica que o ajuste nas folhas de pagamento pode continuar.