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Indústria paulista estagnou em junho, mas no semestre avanço foi de 3,8%

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Depois de subir 4,2% em maio, a produção da indústria paulista estagnou em junho e registrou variação de apenas 0,1%, segundo dados com ajuste sazonal divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp). Sem esse ajuste, o resultado foi uma queda de 0,1%. Com isso, o Indicador de Nível de Atividade (INA) acumulou variação de 3,8% no primeiro semestre, índice considerado “chocho” pelas entidades.

O sentimento é confirmado pela Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), relativa ao segundo trimestre e divulgada ontem. O baixo crescimento da atividade industrial, causado por um indesejado acúmulo de estoques, frustrou as expectativas do setor produtivo brasileiro. Pelo levantamento, realizado em junho com pequenos, médios e grandes empresários, em uma escala de 0 a 100, o indicador de evolução do nível de estoque atingiu 52,3 pontos, ante 49,9 pontos do trimestre anterior.

Para o diretor de Economia do Ciesp, Antônio Corrêa de Lacerda, a manutenção de juros altos e a forte valorização do real inibem maior atividade da indústria paulista:

— Chegamos a um patamar estável de crescimento, que não é muito forte. Estamos sempre batendo num teto de 4%.

Ele aponta “exaustão” em alguns setores, asfixiados pelo câmbio ou que dependem diretamente do ritmo de concessão de empréstimos.

— O câmbio é uma variável importante, por exemplo, para as montadoras.

O nível de utilização da capacidade instalada na indústria paulista pouco variou nos últimos 12 meses. Numa amostra com 17 setores, o índice passou de 81,9%, em junho de 2005, para 82,2% no mês passado.

CNI: apenas cinco setores aumentaram a produção

O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, afirmou que os resultados reforçam a expectativa de que o desempenho da indústria de transformação ficará abaixo da variação do PIB (conjunto de riquezas produzidas pelo país) em 2006. Para um crescimento do PIB entre 3,5% e 4%, a entidade estima alta média de 3,5% para a indústria. A razão para isso seria a valorização do real, que estimula a importação.

Já pelo levantamento da CNI, o indicador referente à produção foi de 48,2 pontos no segundo trimestre, contra 48,9 pontos no mesmo período do ano passado. Em uma escala de 0 a 100, abaixo de 50 pontos o índice é considerado aquém do satisfatório pela CNI. Mas a produção apresentou um pequeno crescimento em relação ao primeiro trimestre. O indicador do período anterior foi de 45,9 pontos.

Segundo os economistas da entidade, a despeito da recuperação da atividade, nem todos os segmentos estão inseridos nesse quadro. Dos 26 setores pesquisados, apenas cinco aumentaram a produção: álcool (com 60,7 pontos), farmacêutico (60,7), máquinas e materiais elétricos (55,8), equipamentos de transporte (55,7) e refino de petróleo (52,8).

Pelo levantamento, os setores de plástico, têxtil, vestuário e minerais não metálicos foram os que apresentam os estoques mais elevados.