O crescimento do nível de emprego na indústria de transformação paulista tem tendência de arrefecimento ao longo do ano e deve fechar 2011 com alta de 2,7% sobre 2010, o que representa a criação de 75 mil vagas, prevê o diretor titular adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Wálter Sacca. No ano passado, foram abertos 120 mil postos de trabalho na indústria de transformação de São Paulo, avanço de 4,7% sobre 2009. No acumulado de janeiro a julho, foram 120 mil vagas. No mesmo período de 2010, haviam sido contratadas 175 mil pessoas. “Não deixa de ser um resultado bom diante das circunstâncias, mas bem menos significativo do que no ano passado”, avaliou.
“Estamos dois meses à frente do Caged e da Pimes [ Pesquisa Mensal Industrial de Emprego e Salário]. Estamos falando em um arrefecimento do crescimento da utilização de mão de obra com redução a partir do momento em que o setor de açúcar e álcool começar a demitir”, afirmou Sacca. Ele destacou a importância desse segmento no resultado geral. De janeiro a julho, o nível de ocupação cresceu 4,64% em todo o Estado e, no setor de açúcar e álcool, 2,16%, época em que há contratações. A partir de julho, o setor sucroalcooleiro começa a dispensar a mão de obra que contratou no início do ano com a piora da safra.
A tendência, conforme o diretor, é o setor de açúcar e álcool continuar reduzindo seu nível de emprego e perdendo peso no indicador geral, à medida que aumenta a mecanização da colheita. Em 2006, ano em que teve início a mecanização, o segmento representou 62% do total de empregos criados na indústria de transformação paulista. Em 2010, este número chegou a 44%, segundo Sacca. “Essa tendência deve continuar, ainda existe um campo de redução da ordem de 3% a 4% ao ano.”
Para Sacca, o quadro traçado pela Fiesp para a indústria vem em consonância com as dificuldades que o setor atravessa em função dos juros altos e da sobrevalorização do real. “Isso dificulta o crescimento da indústria de transformação nos mesmos níveis de crescimento da economia em geral. Se fizermos um gráfico do crescimento do comércio e da indústria no último um ano e meio é uma típica boca de jacaré.”
O arrefecimento previsto para o nível de emprego no ano não teve piora com o quadro de crise externa que está se desenhando, diz o diretor. “O que acontece é que o crescimento deste ano está sendo dois terços menor do que no ano passado, e vamos chegar ao fim do ano com um crescimento nesse mesmo nível.” Em sua avaliação, é inevitável que a indústria cresça menos que o comércio e o PIB em 2011. “Se houver revisão para o PIB e a Pimes, a probabilidade maior é de que a produção da indústria seja revisada mais para baixo ainda.”