A indústria paulista começou bem o ano. Em janeiro, o Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho do setor, cresceu 1,5% em relação a dezembro de 2005, descontadas as diferenças sazonais. Na comparação com janeiro do ano passado, o indicador subiu 7,4%. A Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), responsáveis pelo levantamento, classificaram como positivo o desempenho no mês, tradicionalmente considerado ruim para a indústria. Foi um bom resultado, que veio com robustez, disse o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini. Segundo ele, o INA mostrou em janeiro que há uma mudança no ritmo da produção da indústria paulista. Em janeiro do ano passado, o INA havia apresentado queda de 7%.
Sem ajuste sazonal, o indicador caiu 1,7%, o que é normal, considerando que a produção industrial é sempre mais ativa em dezembro do que em janeiro, quando boa parte das empresas do setor entra em férias coletivas. Tanto é que a Fiesp e o Ciesp revisaram, para cima, as suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano. A projeção da Fiesp passou de 3% para 4%, e a do Ciesp, de 3% para 3,5%.
Além da arrancada do setor neste início de ano, as duas entidades levaram em consideração outros fatores. Entre eles, o aumento do salário mínimo, os pacotes de investimento – como o da construção civil, que movimentará R$ 19 bilhões – e a reativação de programas de infra-estrutura, citou Francini.
De acordo com ele, o novo valor do salário mínimo terá um impacto direto de cerca de R$ 9 bilhões na economia, o que significará um crescimento de 1,5% no rendimento do trabalhador.
A avaliação das duas entidades é de que, pelo fato de 2006 ser ano eleitoral, haverá uma expansão dos gastos federais e diminuição do superávit primário, posicionando-se mais próximo da meta de 4,25% do PIB. Há uma tendência de a União gastar mais este ano. Nossa esperança é de que esses investimentos sejam direcionados para a infra-estrutura, disse o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof.
Tanto ele quanto Francini esperam que o Banco Central acelere a trajetória de queda da Selic, o que contribuiria para a expansão do consumo e a atração de investimentos produtivos.
Tabacof se mostrou menos otimista que o seu colega da Fiesp, ao considerar o INA de janeiro positivo, mas com moderação. Para ele, a palavrachave para justificar o crescimento do indicador é crédito. Apesar de os juros ainda estarem muito elevados, a expansão muito forte do crédito é o fator que vem mantendo a condição vigente e a continuidade. Segundo ele, a relação entre crédito total e PIB saltou de 27,2%, em janeiro de 2005, para 31% em janeiro deste ano. Já o crédito consignado, em particular, na comparação de janeiro de 2006 com o mesmo mês do ano passado, subiu 75%, atingindo o volume de R$ 33 bilhões.
Tabacof observou ainda que não vê a adoção de uma política sustentável de crescimento. Segundo ele, isso põe em dúvida a manutenção da expansão da atividade industrial no decorrer do ano. O INA parou de cair e começou a subir um pouco, mas ainda não dá para comemorar.