O nível de atividade da indústria paulista cresceu 1,9% em fevereiro, em relação a janeiro, com ajuste sazonal. Sem o ajuste sazonal, a expansão foi de apenas 0,2%. Os dados fazem parte do Indicador do Nível de Atividade (INA) divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
No acumulado do ano a indústria paulista registra expansão de 6,9%, ante o mesmo período de 2004. Em relação a fevereiro do ano passado, a alta da atividade industrial foi de 9,2%.
O total de vendas reais da indústria cresceu 0,2% em fevereiro na comparação com o anterior e sobre fevereiro de 2004 houve alta de 15,3%. Por outro lado, o total de horas pagas caiu 0,4% em fevereiro em relação a janeiro e na comparação com fevereiro do ano passado houve avanço de 5,4%. O total de salários reais também caiu 0,2%. Já em relação a fevereiro de 2004 houve aumento de 9,9%.
No período, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) subiu para 79,5%, após situar-se em 79,3% em janeiro.
A tendência nos próximos meses é de estabilidade do INA, segundo as estimativas do diretor da Fiesp, Paulo Francini. “O INA mostra tendência de estabilidade. Isso porque não há previsão para grande alteração do lado da demanda e nem da oferta.” Para Francini, o País perdeu a oportunidade de continuar crescendo de forma mais acentuada, por conta da política de aperto monetário, iniciada em setembro do ano passado.
O diretor da Fiesp torce para que o aperto monetário chegue logo ao fim. “Tomara que o Banco Central sossegue na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março”, destacou. Francini disse que a expansão do crédito consignado na folha de pagamento é um dos fatores que está influenciado o poder de compra no mercado interno. “A produção segue a demanda”, disse.
Para Francini, o crescimento registrado no INA em fevereiro correspondeu a suas expectativas. “É um resultado positivo. A indústria paulista chegou a uma rota de crescimento em agosto de 2004 e nos últimos meses vem se mantendo nesse patamar.” Essa expansão da indústria paulista em fevereiro foi motivada principalmente pelo segmento denominado outros equipamentos de transportes, cuja atividade subiu 7,8% em relação a janeiro, com ajuste sazonal. Sem o ajuste sazonal, o avanço foi de 3,7% e sobre o mesmo mês de 2004, a alta chegou a 13,5%. Francini atribuiu a expansão desse setor ao bom desempenho da indústria de aviação, em especial, a produção da Embraer e da indústria ferroviária.
Outro destaque foi o setor alimentos e bebidas, que cresceu 7,2% sobre o mês anterior, com ajuste sazonal. Sem o ajuste sazonal, porém, houve queda de 0,1% na atividade desse setor. Em relação a fevereiro de 2004, a produção teve crescimento zero. Francini atribuiu o dinamismo desse setor no mês passado a três fatores: forte recuperação do setor de suco de laranja, beneficiada pelas exportações, bom desempenho das exportações do açúcar e a fabricação de produtos para à Páscoa, que este ano ocorreu em março.
Por outro lado, Francini chamou a atenção para o setor de máquinas e equipamentos, com queda de 2,5% em fevereiro contra janeiro, com ajuste sazonal, e retração de 1,4% sem o ajuste sazonal. Para ele, esse resultado é conseqüência do aperto monetário. “Os investimentos nesse setor arrefeceram-se, o que mostra a alteração do humor das empresas quanto a capacidade produtiva.” Em comparação com fevereiro de 2004, a produção do setor aumentou 6,5%.
Com a mesma opinião, o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, disse que o comportamento da atual conjuntura econômica já dá sinais de preocupação. “O problema é o custo alto do capital para os investidores e o financiamento para o consumidor final”, disse Tabacof.