Mercado

Indústria de SP interrompe alta de 22 meses

A indústria paulista interrompeu, em setembro, um ciclo de 22 meses consecutivos de crescimento de sua produção. A queda de 1,1% na comparação com setembro de 2004 foi a primeira desde outubro de 2003 (0,96%), segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em agosto, a alta havia sido de 4,8%.

Juros elevados, câmbio desfavorável às exportações e mais competitivo aos produtos importados, estoques altos e crédito numa velocidade menor de expansão. Todos esses fatores, juntos, levaram a indústria paulista e a de outros Estados a pisar no freio em setembro, de acordo com o IBGE. Das 14 áreas pesquisadas, oito registraram recuo na produção em setembro. Apenas três haviam tido retração em agosto.

“Há um movimento claro de desaceleração no ritmo de produção”, afirmou André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

Em São Paulo, três ramos foram responsáveis pela retração: material eletrônico e equipamentos de comunicações (-21%), refino de petróleo e álcool (-6,6%) e alimentos (-3,3%).

Macedo disse que esses setores estão entre os que mais cresceram ao longo do ano e possivelmente acumularam estoques, o que os fez ajustar a produção.

Além disso, diz, esses ramos foram afetados pelo câmbio num patamar que inibe exportações e pelo arrefecimento do crédito. É o caso de material eletrônico, dependente de financiamento para alavancar suas vendas, e de alimentos, cuja produção em, em São Paulo, é voltada em boa parte ao mercado externo.

No terceiro trimestre, a indústria paulista ainda manteve uma taxa positiva, mas já mostrando forte desaceleração. Sua produção cresceu 1,6%, contra alta de 7,2% no segundo trimestre. Nesse caso, os setores que proporcionaram a freada na produção foram máquinas e equipamentos, veículos, material eletrônico e de comunicações e alimentos.

Em setembro, três Estados registraram queda na produção na casa dos dois dígitos. Um deles foi o Ceará, onde as fábricas produziram 12,4% menos do que em setembro de 2004. Trata-se da terceira retração mensal seguida, sob impacto das indústrias de calçados e têxteis, voltadas para o mercado externo. Também tiveram quedas superiores a 10% as indústrias do Paraná (11,6%) e de Santa Catarina (10,2%).

Na outra ponta, a produção industrial cresceu, em setembro, acima da média nacional, de 0,2%, em Minas Gerais (4,8%), Pará (4,7%), Rio de Janeiro (4,4%), Amazonas (2,6%), Bahia (2,4%) e Espírito Santo (2,3%).

Em Minas, onde a produção sobe há 26 meses, e no Pará, o destaque ficou com a extração de minério de ferro. No Rio, a indústria extrativa também foi a que mais cresceu, impulsionada pela produção de petróleo.