“A indústria da cana-de-açúcar mudou a cara da minha cidade, ofereceu melhores condições de trabalho aos trabalhadores e fez com que o entorno se desenvolvesse; não tínhamos consciência desta realidade.” O depoimento é de Maria Aparecida de Jesus, supervisora pedagógica da Escola Estadual 7 de Setembro, de Uberlândia (MG), cidade que no dia 27/10 abrigou a oficina de encerramento da ação educacional Estudo Municípios Canavieiros. Trata-se de uma iniciativa do Projeto AGORA, uma das mais importantes ações de comunicação e marketing do agronegócio brasileiro, reunindo 11 entidades e oito empresas.
“O projeto educacional foi esclarecedor para os alunos e a comunidade, particularmente para os professores, que tinham uma visão preconceituosa do setor,” complementa Aparecida de Jesus. Ela e outros 30 educadores compareceram ao Núcleo de Apoio e Parcerias (NAP), do Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais (Cemepe), para apresentar trabalhos desenvolvidos em sala de aula nos últimos dois meses em Uberlândia.
Em seu segundo ano, o Estudo Municípios Canavieiros oferece a professores dos 6º e 7º anos da rede pública de ensino uma nova abordagem pedagógica, que ajuda a conscientizar os alunos sobre a importância socioeconômica da produção de cana nas comunidades onde vivem.
Já foram alvo do trabalho 100 municípios canavieiros em nove estados (SP, PR, MT, MS, GO, MG, PE, AL e PB). Em 2011, mais de 1.600 escolas participaram, envolvendo mais de 1.300 professores e mais de 230 mil alunos indiretamente. Nesta fase do trabalho, que é chamada pelos coordenadores de 3ª fase, os professores reúnem-se para avaliar o que foi realizado com os alunos durante as oficinas. Em Uberlândia, foram apresentadas diversas redações de alunos sobre o tema proposto (“Cadeia sucroenergética Brasileira”); maquetes do conhecimento assimilado; histórias em quadrinhos e esquetes teatrais.
“Ficamos impressionadas com a criatividade das crianças,” relatam Solange Buzzetti e Amanda Turano, representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), uma das 11 entidades que compõem o Projeto AGORA.
Giz e lousa
A professora Maria Aparecida de Jesus explica que a proposta de um trabalho multidisciplinar em sala de aula, como no caso do Estudo Municípios Canavieiros, tem um apelo pedagógico diferenciado. “Giz, lousa e livros nem sempre são tudo. Ver uma usina em funcionamento, o seu dia a dia, é muito mais prazeroso do que ler um texto em sala de aula, e os alunos adoram,” afirma.
O depoimento de Maria Aparecida ganha contornos mais fortes quando ela resgata a sua própria experiência: “Cresci vendo meus pais trabalhando arduamente no campo, nas colheitas de cana. Esta vivência de certa forma influenciou a minha visão como educadora. Por isso, quando a escola participou da primeira fase do Estudo Municípios Canavieiros fiquei apreensiva; minha concepção foi mudando aos poucos, ainda mais quando outros professores da rede, que já utilizavam o material, começaram a indicar e a falar bem sobre os livros do projeto.”
Aprendizado lúdico
Para Gustavo Lopes Ferreira, professor da Escola Municipal Professora Orlanda Neves Strack, também em Uberlândia, “com o material disponibilizado foi possível trabalhar com as crianças em diversas temáticas, de história, passando pela geografia, artes, inglês e informática. E isso proporcionou, além de mais informação, obtida de forma lúdica, uma visão mais ampla sobre as usinas situadas próximas a escola”.
As apresentações em Uberlândia foram encerradas com visita monitorada dos alunos da Escola Municipal Professor Ladário Teixeira à Usina Uberaba. No local, os que não conheciam puderam ver de perto desde a moagem até a produção de etanol e bioeletricidade. Já os alunos da Escola Municipal Professor Otávio Batista Coelho Filho participaram de uma filmagem para o vídeo de encerramento da edição 2011 do Estudo Municípios Canavieiros.
Unica