Incêndios em canaviais de São Paulo geram prejuízos de mais de R$ 500 milhões

Estimativas apontam que 80 mil hectares foram destruídos, impactando a safra e elevando custos de produção

Os recentes incêndios que devastaram plantações de cana-de-açúcar no estado de São Paulo geraram prejuízos estimados em mais de R$ 500 milhões, conforme divulgado pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) nesta quarta-feira (28). Este valor representa um aumento expressivo em relação à estimativa anterior de R$ 350 milhões, reportada na terça-feira (27).

Estima-se que aproximadamente 80 mil hectares de canaviais foram destruídos pelos incêndios, afetando tanto as áreas de cana prontas para a colheita desta safra quanto as rebrotas destinadas à próxima colheita. O fogo consumiu mais de 6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar ainda em pé, o que representa um impacto significativo para os produtores.

José Guilherme Nogueira, presidente-executivo da ORPLANA, destacou que, embora parte da cana queimada ainda possa ser aproveitada para a produção de açúcar e etanol, a colheita precisa ser realizada com urgência, no prazo máximo de uma semana, para evitar a contaminação por fungos e bactérias. Caso contrário, a planta pode ser inviabilizada para o processamento.

Além dos prejuízos diretos, muitos produtores terão que arcar com o custo adicional de replantio das rebrotas atingidas, estimado em R$ 13 mil por hectare.

Os incêndios também se alastraram para outras regiões, incluindo Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Informações detalhadas sobre os danos nessas áreas devem ser divulgadas nos próximos dias.

A situação dos canaviais paulistas já era preocupante antes dos incêndios, devido à seca que reduziu as estimativas de colheita. Inicialmente projetada para 420 milhões de toneladas, a safra de cana-de-açúcar em São Paulo agora deve atingir apenas 370 milhões de toneladas, uma queda de 12% (50 milhões de toneladas) em relação à previsão inicial. Maurício Muruci, analista da Safras e Mercados, ressaltou que a falta de chuvas desde abril prejudicou a qualidade da cana, resultando em uma planta mais fina e menos produtiva.

Impacto no mercado e preços

Os incêndios agravaram ainda mais a situação, destruindo mais de 6 milhões de toneladas de cana, o que corresponde a cerca de 1,5% da produção total de São Paulo. Embora esse percentual possa parecer pequeno, o impacto é significativo devido à queima das rebrotas, que diminui a produtividade das futuras safras e eleva os custos de produção.

O mercado também está sentindo os efeitos. A redução na oferta de matéria-prima pode levar a um aumento nos preços do açúcar e do etanol. Na bolsa de Nova York, os contratos futuros do açúcar bruto registraram uma alta de 3,5% na segunda-feira (26), impulsionados pelos incêndios no Brasil, maior produtor global de cana. Na terça-feira (27), o açúcar continuou a subir, fechando com um avanço de 3,36%. No entanto, as cotações iniciaram a quarta-feira (28) com uma queda de 1,5%.

No caso do etanol, o impacto nos preços ao consumidor deve ser percebido dentro de 15 a 20 dias, tempo necessário para que a cana prejudicada seja colhida, processada e distribuída aos postos de combustíveis.

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