A Raízen, empresa resultante do processo de integração dos negócios da Shell e Cosan, vai duplicar a participação de Mato Grosso no seu mercado de combustíveis (share) do Centro-oeste. Com investimentos de cerca de R$ 45 milhões aplicados em 2011 e para 2012, principalmente em armazenagem, o Estado passará, de uma participação de quase 10%, para 20%.
Neste ´pacote´ de investimentos estão o terminal de distribuição de Alto Taquari (479 quilômetros ao sul de Cuiabá), unidade inaugurada em junho, e a ampliação da base de distribuição de Cuiabá, que já recebeu R$ 3 milhões e receberá mais R$ 2 milhões para ampliar o número de tanques de armazenagem. Ao final, a ampliação vai permitir a movimentação de 1 milhão de litros por dia no modal rodoviário, com uma capacidade de armazenagem de 5 milhões de litros de combustível (incluindo de diesel S-50 e de Shell V-Power). Outro projeto deste ‘pacote’ foi anunciado na última quinta-feira, em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), com as mesmas dimensões da base de Alto Taquari.
Além desses projetos, a Companhia já detectou a necessidade de uma nova base de distribuição no Estado que poderá ser construída em Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), como forma de atender à demanda da região. Mas esse projeto é para médio prazo e não teve os detalhes divulgados pelo diretor de Operações da Raízen, Luiz Renato Gobbo. Como ele explica, a unidade em Alto Taquari demandou R$ 20 milhões, cifras que também estão projetadas para unidade de Rondonópolis. “Mato Grosso é um grande produtor de biocombustíveis (etanol e biodiesel) e sustentabilidade está no DNA da Raízen, por isso é um local estratégico para a empresa”, aponta. De acordo com Gobbo, o retorno dos investimentos em Alto Taquari só reforça a importância do Estado neste segmento. “Desde a inauguração em 9 de junho até agora, mal se passaram seis meses e atingimos a capacidade plena de estocagem. O que prevíamos que aconteceria em doze meses se confirmou em apenas seis”. O terminal conta com uma capacidade de armazenagem de 11 milhões de litros.
Mais do que uma ampliação do share da Companhia, a chegada da Raízen ao Estado está tornando, pouco a pouco, a produção local de biocombustíveis mais competitiva até o Sudeste do país, o maior consumidor do Brasil. Os terminais de Alto Taquari e o de Rondonópolis estão estrategicamente servidos da ferrovia Senador Vicente Vuolo. “Mato Grosso é um gigante na produção, mas precisa de diferenciais na competitividade, principalmente, por meio de uma logística atrativa”. Sem refinarias, todo o derivado de petróleo consumido no Estado, gasolina e óleo diesel, vem em vagões-tanques de Paulínia (SP). Ao descarregar, os mesmos vagões retornavam à base vazios. “A operação da Raízen representa um importante ganho logístico, pois está sustentada no uso do contrafluxo dos vagões de derivados que chegam a Mato Grosso, originários de Paulínia. Estes vagões retornam ao município paulista com biocombustíveis, criando sinergia e eficiência no fluxo logístico”, explica Gobbo. Por meio desta sinergia, o produto mato-grossense, principalmente o etanol, está sendo comercializado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Gobbo destaca que esta sinergia consolida o potencial mato-grossense no segmento de biocombustíveis, ação que é uma via de mão dupla, “ao mesmo tempo em que incentiva o setor produtivo, motiva os investidores”. O diretor de Operações lembra que a Raízen participa da construção do alcoolduto entre São Paulo e Rio de Janeiro e frisa que existe um projeto de ampliação que no médio e longo prazos pode beneficiar Mato Grosso.
Para o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), Jorge dos Santos, a Raízen se mostra como um grande parceiro para fomentar a produção e melhorar o entrave logístico. “Podemos retomar o posto de principal produtor de biocombustíveis do Brasil, principalmente, com a chegada do alcoolduto. Mato Grosso tem todas as condições de ser o maior produtor mundial, seja em extensão de área como em produtividade. No entanto, sem competitividade não há estímulo ao setor produtivo”.
RÁIZEN – A Companhia está entre as cinco maiores do Brasil em faturamento. Tem valor de mercado estimado em R$ 20 bilhões e cerca de 40 mil funcionários, posicionando-se como uma das mais competitivas na área de energia sustentável no mundo. A fusão demanda a mudança dos 4,5 mil postos Esso para Shell, inclusive em Mato Grosso, alteração prevista para terminar até o final de 2012.