A alta dos custos de produção e a queda de 8,97% do preço do produto final estão atrasando a entrada em operação de algumas indústrias de biodiesel e o andamento das obras de outras. Além disso, usinas e Petrobras ainda não chegaram a uma solução para sistematizar as entregas do biocombustível às distribuidoras, isso a poucos meses de vigorar a lei que torna obrigatória a adoção da mistura de 2% de biodiesel no diesel, em janeiro de 2008.
Das 11 unidades projetas para Goiás, apenas uma está em operação normal. É a Granol de Anápolis, que tem autorização da Agência Nacional de Pretróleo (ANP) para produzir 200 mil litros de biodiesel por dia. As outras duas indústrias com o aval do governo são a Caramuru de São Simão, que está pronta e tem estoques, e a Binatural de Formosa, também concluída mas que ainda não entrou em operação. A diretoria da Caramuru não se manifesta sobre o assunto. A reportagem do POPULAR não conseguiu contatos com a Binatural.
Atraso
As indústrias alegam que a Petrobras atrasa a retirada do produto nas usinas, o que as obriga a paralisar a produção para evitar superestocagem. A estatal, por sua vez, afirma que as usinas é que descumprem os prazos, por motivos diversos. Dos 876 milhões de litros de biodiesel arrematados nos cinco leilões promovidos pela ANP, 196 milhões já foram entregues pelas usinas.
“Do volume arrematado no segundo leilão, por exemplo, apenas 41% foi efetivamente entregue”, revela Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da Petrobras. Entre as empresas que estão com problemas para cumprir prazos de entrega está a Binatural.
Representantes de algumas indústrias, no entanto, afirmam que ocorre o contrário: a Petrobras atrasa a retirada do biocombustível das usinas, alegando capacidade de armazenamento insuficiente. O POPULAR apurou que a Caramuru de São Simão está com um grande estoque de biodiesel, inclusive já vendido nos leilões da ANP, mas a diretoria da empresa não confirma a informação.
O sócio-diretor da Granol, Diego Ferrés, que negociou a entrega de 83,9 milhões de litros nos cinco leilões, também confirmou a demora da Petrobras para retirar o produto nas usinas. “O programa do biodiesel está sofrendo problemas de continuidade. E isso preocupa, porque logo a mistura se tornará obrigatória e ainda não se sabe se as distribuidoras estarão com estrutura logística para atender a essa nova demanda”, avaliou.
A usina da Caramuru já está em operação, mas ainda não foi inaugurada. Localizada em São Simão, recebeu investimento de R$ 30 milhões e tem capacidade para produzir 100 milhões de litros por ano. A Granol opera uma unidade em Anápolis, que tem capacidade para 200 milhões de litros por ano e recebeu aporte de R$ 30 milhões. E a Binatural investiu R$ 4 milhões em uma unidade em Formosa, que vai produzir 12 milhões de litros/ano.
Atualmente, o Estado consome 1,4 bilhão de litros de diesel por ano. Reinaldo Fonseca, economista da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), observa que as usinas já anunciadas têm capacidade de produção superior a 500 milhões de litros de biodiesel por ano. Além da Granol, Caramuru e Binatural, estão em construção em Goiás as usinas Bionasa (Poragantu), Allbio (Acreúna), Bens Oil (em Senador Canedo), Bionorte (São Miguel do Araguaia), Centerpharma (Luziânia), Centro-Oeste Óleo (Leopoldo de Bulhões), Dixie Oil (Santa Bárbara) e Planalto Biodiesel (Padre Bernardo). Os investimentos somam R$ 320 milhões.