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Impacto do etanol na economia goiana

Um estudo apresentado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), durante o recente Sugar and Ethanol Brazil 2010, realizado em São Paulo revela com precisão as extraordinárias perspectivas para o etanol a médio e longo prazos. Conforme esse levantamento, a produção e o consumo da energia renovável brasileira – imprescindível, quando se fala em busca de solução para os desafios do aquecimento global – devem mais que dobrar nos próximos dez anos. Consequentemente, as nossas exportações darão saltos gigantescos para atender a crescente demanda internacional por essa energia limpa.

Até 2020, o aumento deverá alcançar a marca dos 150%, coincidindo com decisão da União Européia de introduzir nos combustíveis fósseis – gasolina e óleo diesel – nesse período, 10% de biocombustíveis. A produção de etanol no Brasil na safra 2010/2011 subirá para 27,4 bilhões de litros, comparados com os 24 bilhões de 2009/2010. O consumo interno saltará de 22,5 bilhões para 25,2 bilhões de litros.

Um crescimento espantoso que está ocorrendo, exatamente a partir dos investimentos maciços realizados nas áreas de pesquisa, tecnologia e sustentabilidade. Com isso o setor sucroenergético se consolida como um dos principais motores da economia brasileira e mundial com incomparáveis e sucessivos ganhos em eficiência e produtividade.

A grandiosidade da expansão prevista, conforme esse levantamento, não é obra do acaso e muito menos do improviso. Foram mais de três décadas de trabalho intenso e conquistas memoráveis do setor sucroenergético, que possibilitaram ao Brasil se tornar referência mundial em produção industrial e uso em larga escala desse combustível verde, renovável e de baixo carbono.

Na realidade, desde o surgimento do antigo Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) em 1975, em resposta à grave crise do petróleo dois anos antes, à retomada desse projeto com a criação dos programas de incentivo ao etanol e aos biocombustíveis no início desta década, tivemos muitas marchas e contra-marchas, barreiras quase intransponíveis, idas e vindas, até que o nosso país se firmasse como maior potência tecnológica do planeta na produção dessa energia verde.

Foi graças aos empreendedores desse setor, que a atividade tomou o rumo da eficiência, tornando-se um novo paradigma da energia limpa e renovável, na área dos combustíveis e da eletricidade. O Brasil saiu na dianteira na corrida mundial da agronergia, e agora assumiu a responsabilidade de mostrar ao mundo os benefícios ambientais do uso do etanol, enquanto energia limpa, renovável e sustentável.

A cena internacional apresenta indicadores muito positivos. Um exemplo é a recente decisão da agência ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency), que designou o etanol produzido no Brasil como biocombustível avançado. Trata-se do maior e inédito reconhecimento oficial da capacidade do etanol brasileiro de reduzir emissões de CO2, em patamar superior ao de qualquer outro biocombustível.

O aumento da produção do etanol para atender a demanda pelo combustível deverá gerar cerca de 170 mil postos de trabalho em toda a cadeia produtiva. Aliás, a cana-de-açúcar é a cultura que mais emprega no Brasil, sendo responsável atualmente por 629 mil postos de trabalho, o que equivale a mais de um quinto da mão de obra empregada na agricultura do país.

Dentro desse contexto, o setor sucroalcooleiro, que deverá contabilizar investimentos superiores a R$ 20 bilhões em novas usinas de etanol em Goiás até 2012, com geração de aproximadamente 65 mil empregos diretos, passou a exercer uma importância estratégica indiscutível para a economia goiana.

Com boa topografia, solo plano, clima favorável e o fato de a cana ocupar apenas 1,15% da nossa área plantada, o nosso Estado é, sem sombra de dúvidas, a nova fronteira para a cana. Daí a importância das políticas de atração de investimentos, que beneficiam e atraem para o Estado grandes empreendimentos produtivos com impactos econômicos e sociais altamente positivos para Goiás.

A instalação de novas indústrias comprova o crescimento do setor. A indústria sucroalcooleira goiana apresenta uma das maiores taxas de crescimento do Brasil. Há em nosso Estado 36 usinas instaladas, com produção total de 2,6 bilhões de litros de etanol e 1,6 milhão de toneladas de açúcar. Em fase de implantação, são mais 22 novas usinas, 11 delas na área de influência da Ferrovia Norte-Sul. E Goiás tem projetos para implantação de mais 100 usinas, alcançando São Paulo, que tem 160.

Já somos o segundo maior produtor de etanol do Brasil, atrás apenas de São Paulo, e o terceiro maior produtor de cana-de-açúcar, perdendo apenas para São Paulo e Minas Gerais. Com a entrada em funcionamento dessas novas usinas, a indústria sucroalcooleira em Goiás cresce a um ritmo muito superior ao do resto do país. As novas possibilidades de investimentos e de aumento da produção, resultado do modelo de zoneamento da cana-de-açúcar, também incrementam a atividade em solo goiano.

Com absoluta clarividência, devemos reconhecer que todos esses investimentos significam melhoria da renda e do emprego nos municípios goianos, pois, são empreendimentos que criam milhares de novos postos de trabalho e movimentam toda a economia.

Daniel Messac é deputado estadual (PSDB), filósofo e teólogo. ([email protected])