Mercado

IGP-M tem 2ª deflação seguida

Pela segunda vez consecutiva no ano, o Índice Geral de PreçosMercado (IGP-M) registrou deflação. Caiu 0,42% em abril, a menor taxa em sete meses e quase o dobro da queda apresentada em março (-0,23%). Usado para calcular reajustes de aluguel e de tarifa de energia elétrica, o indicador foi beneficiado pelo bom momento dos preços agrícolas no atacado, que estão com recuo forte (-3,03%).

Com este resultado, a taxa acumulada de 12 meses até abril teve queda de 0,92%, recorde na história do índice, criado em 1989, e de todos os IGPs calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tendo em vista o cenário favorável na inflação, mostrado pelo IGP-M de abril (que vai do dia 21 de março ao 20 de abril), o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, não descartou uma terceira deflação, em maio.

Segundo ele, a queda em 12 meses do indicador é muito importante para a inflação em 2006. A taxa acumulada é usada no cálculo de reajuste dos preços controlados – além de energia e aluguel, o reajuste de TV por assinatura. Em 2006, os preços controlados vão preocupar menos o cenário da inflação do que em outros anos. Em abril, disse Quadros, a deflação nos produtos agrícolas derrubou os preços do atacado, que atingiram o menor nível em oito meses, com queda de 0,77% ante -0,48% em março. Entre os destaques, está a deflação nos preços dos alimentos in natura (-0,37%). O preço dos ovos caiu 3,85% em abril ante queda de 1,71% em março, exemplificou.

Outro fator que contribuiu muito para a queda no IGP-M de abril foi a deflação de 6,15% no preço dos óleos combustíveis no atacado – que subiram 2,38% em março. É o único combustível cujo preço está caindo no atacado. Mas está caindo muito. O setor atacadista, de maior peso na formação do indicador, foi o grande responsável pela deflação no IGP-M. De março para abril, os preços no varejo ficaram estáveis, com alta de 0,22%. Os preços na Construção Civil recuaram de 0,23% para 0,21% no período.

GNV

No varejo, o preço do GNV foi o que menos subiu entre os combustíveis no período de 12 meses até abril. Segundo o economista da FGV André Braz, o produto teve alta de 8,99% em 12 meses até abril para o consumidor, enquanto a gasolina subiu 14,02% e o álcool combustível, 40,41%.

Braz explicou que a demanda maior do que oferta no setor sucroalcooleiro puxou para cima os preços do álcool – e, conseqüentemente, o da gasolina, que tem 20% de álcool em sua formação.

Segundo ele, o consumidor que fez a opção por carros flex, que podem ser abastecidos por gasolina e por álcool, deve ter sentido muito mais a alta dos combustíveis do que quem tem carros convertidos para uso do GNV.