A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) mais que dobrou de julho para agosto, puxada pelos preços no atacado tanto dos produtos industriais como dos agrícolas. O IGP-M encerrou este mês com alta de 0,37%, após subir 0,18% em julho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Se o ritmo de alta for mantido, o IGP-M deste ano poderá ficar entre 3,5% e 4%, diz o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.
“Esse aumento não preocupa porque o IGP-M dobrou em relação uma taxa muito baixa, que foi a do mês passado”, afirma o economista. Ele diz que o pulo do IGP-M deste mês deverá se repetir no próximo e o indicador acumulado em 12 meses, hoje em 2,43%, deve aumentar.
Mas, na sua opinião, o resultado de agosto não significa o início de um período de aceleração da inflação. Ele argumenta que a taxa de inflação de julho, de 0,18%, foi muito baixa e o IGP-M em 12 meses ainda reflete uma fase de intensa deflação.
Dos três indicadores que compõem o IGP-M, dois tiveram aceleração, o Índice de Preços por Atacado (IPA) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Já o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) perdeu fôlego de julho para agosto.
A maior alta neste mês foi registrada no atacado. O IPA subiu 0,46% em agosto, com uma elevação de 0,25 ponto porcentual em relação a julho. O destaque foi para os bens intermediários que subiram 0,32% em agosto,depois de terem registrado deflação de 0,04 em julho. O IPA agrícola subiu 0,71% este mês, ante 0,34% em julho. O IPA industrial subiu 0,39%, menos que o agrícola, mas o seu peso é maior.
Quadros destaca a elevação dos preços dos bovinos no atacado (8,26%), das resinas plásticas, como polietileno (2,81%), e derivados de petróleo como eteno (2,93%). Mas ele diz que não há uma alta generalizada. Trata-se de um movimento natural e localizado de ajuste, advindo da subida das das commodities no mercado internacional, já que o câmbio está comportado.
O IPC subiu 0,13% este mês, após ter caído 0,08% em julho. Os alimentos puxaram o indicador, com elevação de 0,67%, seguidos pelos gastos com educação, leitura e recreação (0,37%) e transportes (0,12%). Quadros, diz que aceleração dos alimentos foi concentrada nas frutas, que ficaram 15,11% mais caras. No grupo transportes, o álcool combustível subiu 1,42%.
O INCC foi o único dos indicadores que se enfraqueceu. Subiu 0,35% este mês. Em julho, havia aumentado 0,57% .