A alta dos preços dos alimentos no atacado levou a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) a subir para 0,67% em junho, ante alta de 0,38% em maio. A taxa divulgada ontem foi a maior em cinco meses.
Mas, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calcula o indicador, a aceleração não preocupa e a taxa deve ser menor em julho, graças à redução na tarifa de telefonia fixa, anunciado anteontem.
Também usado para cálculo do reajuste na tarifa de telefonia deste ano, com o Índice de Serviços de Comunicações (IST), o IGP-DI acumula elevações de 1,28% no ano e de 0,98% em 12 meses até junho.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, os preços no atacado – de maior peso na formação do indicador -, mais que dobraram em junho, e subiram 1,06%, ante aumento de 0,46% em maio. O atacado foi o grande responsável pela aceleração na taxa do IGP-DI, afirmou.
Um dos maiores responsáveis pela variação de preços do atacado foram alimentos in natura, cuja queda perdeu força de maio para junho, de 7,01% para 0,03%. Commodities importantes também subiram, como cana (8,57%) e milho em grão (5,51%).
A elevação no atacado foi tão forte que conteve influências benéficas para a inflação de junho, originadas no varejo e construção civil. No caso dos preços ao consumidor, houve queda de 0,40%, ante 0,19% em maio. No varejo, a taxa negativa foi causada pela intensificação da queda nos preços dos alimentos (0,94% para 1,68%). O comportamento de alta nos preços dos alimentos no atacado ainda não chegou ao varejo, disse o economista.
Na construção civil, os preços subiram menos: 0,90% em junho, ante 1,32% em maio. Segundo Quadros, a queda na tarifa de telefonia fixa será um dos principais fatores de desaceleração da inflação do varejo este ano.
Em 2005, o reajuste da telefonia ficou em torno de 8%, de acordo os IGPs.
Para ex-ministro, sucesso na inflação compensa futebol
O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, sócio da Quest Investimentos, citou ontem o futebol para falar da inflação no Brasil.
Segundo ele, o Brasil inverteu o quadro de sucesso no futebol e insucesso na inflação. Hoje, nós comemoramos sucesso no controle da inflação e todo mundo está com a cabeça inchada no futebol. O Brasil deixou de ser o país da inflação, batendo recordes sucessivos. Hoje a inflação é um número muito bom, avaliou.
Ele citou o fato de a Fipe estimar para este ano inflação de 2,5%. É um indicador claro de que temos de reduzir os juros. Para o ex-ministro, o Banco Central tem condições de continuar o corte, sem ter de acelerar o processo.