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Hidrovia, um tesouro pouco usado

A Hidrovia Tietê-Paraná tem capacidade para facilitar o transporte de até 20 milhões de toneladas de carga por ano.

Em 2005, entretanto, ela movimentou apenas 3,480 milhões de toneladas de cargas de baixo valor agregado – geralmente matérias-primas, como minérios e grãos. Foi um recorde, ultrapassando em 12% o total do ano anterior. O Departamento Hidroviário (DH), vinculado à Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, prevê crescimento de 10% neste ano. Uma embarcação de 150 metros tem capacidade de carregar, pelos rios, 6 mil toneladas de carga. O mesmo volume pode ser distribuído em 172 carretas que, estacionadas, fariam uma fila 3,5 quilômetros e, em movimento, 26 quilômetros, calcula José Pereira de Figueiredo Junior, assistente técnico do DH.

As principais vantagens do transporte hidroviário em relação ao rodoviário são maior eficiência energética e mais capacidade de concentração de cargas, além da redução do custo de combustível e menor emissão de poluentes.

Para transportar mil toneladas de produtos em hidrovia, gastam-se cerca de 5 litros de combustível por quilômetro, enquanto o mesmo volume, levado por via rodoviária exige cerca de 96 litros.

A emissão de poluentes na hidrovia é bem mais baixa se comparada com a rodovia. Enquanto um comboio hidroviário lança no meio ambiente 20 quilos de gás carbônico por mil toneladas/km, o transporte rodoviário emite 116 quilos. Um comboio hidroviário lança 254 gramas de óxido-nítrico por mil toneladas/km e o transporte rodoviário emite 4.617 g por tonelada/km, o que é uma comparação extremamente agressiva, já que óxido-nítrico é veneno mortal, explica Figueiredo.

Escoamento pelos rios reduz custo com combustível e polui muito menos

Também no aspecto financeiro há vantagens: o custo médio de infra-estrutura na construção de um quilômetro de hidrovia é de US$ 34 mil, valor baixo quando se estima o quilômetro rodoviário em US$ 440 mil: 12 vezes mais.

Em 2005, o maior volume de carga nas hidrovias paulistas foi de soja: 937 mil toneladas, com expansão de 37% em relação a 2004, seguido pela canade-açúcar (807 mil toneladas); areia (681 mil toneladas); milho (266 mil toneladas) e madeira (166 mil toneladas).

Além de investimentos em obras na proteção de pilares e ampliação de vãos das pontes das rodovias que passam sobre a hidrovia, cuidou-se de aprofundar o leito dos rios de forma a permitir a navegação de embarcações maiores, possibilitando o crescimento do volume de carga. A prioridade do DH, agora, é ampliar o uso da via e dos equipamentos existentes.

Os investimentos governamentais dos últimos anos, porém, não permitem planos ambiciosos: entre 2005 e 2006 as rodovias de São Paulo não concedidas à iniciativa privada receberam verba que chega a R$ 2 bilhões, enquanto a Hidrovia Tietê-Paraná recebeu R$ 563,1 milhões em dez anos.